quarta-feira, 27 de julho de 2011

Predadores de Consciência e Peptídeos




Na atualidade uma das maiores preocupações da psiquiatria, neurologia e psicanálise são os polêmicos peptídeos (cadeias de aminoácidos presentes no organismo relacionadas aos ciclos de emoção e alimentação celular). 


Foi descoberto que estes peptídeos são responsáveis pelo nosso envelhecimento e mesmo o estado decrepito em que chegamos ao fim de nossas vidas. Pesquisadores concluíram que somos viciados em peptídeos. Eles são necessários para a manutenção do nosso organismo e ao mesmo tempo responsáveis pela sua degeneração. E como isso acontece:

1. Ao estudar o comportamento psicossocial do ser humano, especialistas perceberam que quanto maior o numero de emoções, exteriorizadas ou reprimidas, maior é a fabricação de peptídeos relacionados a elas no organismo. Nossas células têm entre suas várias funções, a de absorver as vitaminas, proteínas e sais minerais (e também peptídeos), que ingerimos diariamente através da alimentação. Quando liberamos, ou reprimimos emoções ou ficamos oscilando entre a alegria e a tristeza, ou mesmo quando depositamos todos os nossos sentimentos em um momento e mesmo em alguma coisa para nos sentirmos realizados, liberamos uma quantidade exagerada de peptídeos específicos; assim, a única providência que a célula pode tomar é aumentar o número de receptores que consomem os peptídios, enquanto diminui o número de receptores que absorvem vitaminas e minerais. 

O grande problema é que os peptídeos fabricados em nosso organismo pelas emoções são muito saborosos. Após a célula se alimentar desse filé mignon, começa, logicamente, a preferi-la a ter que consumir os alimentos “sem gosto” (Proteínas, vitaminas e minerais). Assim, ao poucos vai se bloqueando o consumo daquilo que manteria nosso corpo saudável; as vitaminas - de menor sabor - pelos mais suculentos - Mac Donald’s (peptídeos);

2. Quando as células morrem, deixam uma espécie de herança genética para a nova geração celular. Essas novas células já nascem com receptores a mais (boquinhas) próprias para se alimentar com peptídeos. Com o tempo as células encontram-se com uma quantidade exorbitante de receptores de peptídeos e quase zero de receptores para as vitaminas – somente o mínimo necessário para evitar a morte. Logo, as células aumentam a absorção de peptídeos e diminuem o de vitaminas, deixando apenas poucos receptores;

3. Ao mesmo tempo, os neurônios vão criando novas conexões, pontes, ligando cadeias neurais em longo prazo (ou seja, enquanto você não se determinar a rompê-las) até o ponto em que um novo padrão psíquico seja incorporado, para que o indivíduo reaja sempre da mesma maneira, fazendo assim a bioquímica do seu organismo criar as condições exatas para a fabricação e a liberação incessante de peptídeos. Na verdade é um círculo vicioso e desse círculo são gerados todos os tipos de doenças psicossomáticas – doenças que têm como causa as emoções – É o que os psicólogos, psiquiatras, psicanalistas e médicos estudam, exatamente as doenças da mente e/ou psicossomáticas. Conclui-se que a maior causa das doenças emocionais é o resultado da vida “moderna e civilizada”, em que nos encontramos. Do limiar da civilização e de seus porões surgem as fobias, as síndromes de pânico, o estresse, a solidão em meio à Matrix, os apegos, as pre-ocupações e necessidades de sobrevivência e status, os dogmas, totalitarismo, tabus e todo tipo de superstições, crendices, hábitos rotineiros e estupidez. 

O patriarcalismo e todos os “ismos” que nossa mente é capaz de criar, com o tipo de condicionamento aprendido, o que é assimilado como certo e errado, bem e mal, direito e esquerdo. Todos os padrões de comportamentos, sócio-familiares, leis e decisões que são criados pela Máquina Social e suas instituições direcionadas para o “ego”, e todos esses padrões/condicionamentos são repetidos por nós, como única verdade absoluta, mesmo que de forma cínica. Obedecemos e agimos conforme a decisão do Estado e da Máquina Social, somos privados do nosso poder de decidir por nós mesmos.

Tornamo-nos rebanho, ovelhinhas ou “galinhas ao invés de Águias”.

Pois bem.

Todo esse desajuste ou, como diriam os índios Hopi, “Koyaanisqatsi” (termo para designar a nossa vida louca ou fora de equilíbrio) nos leva inevitavelmente para o desgaste de nossas energias emocionais, ou para a repressão das mesmas, criando psicopatologias e neuroses alimentadas pela hipocrisia da mídia e reforçadas pelo sensacionalismo globalizado! Vejam só: já estamos nos tornando mundialmente coletivos, homogêneos. O problema é que o condicionamento da vida moderna e suas regras de comportamento exercem um poder ilusório e ao mesmo tempo tão real como respirar o é. Assim fatalmente somos peixes na rede da socialização. Numa hora estamos dispersando energia por causa dos condicionamentos impostos e aprendidos, outrora estamos engajados nas realizações das leis, rotinas, hábitos, costumes e necessidade de exteriorização de sentimentos que requerem prazer imediato e profundo, como uma compensação pela falta de um sonho, uma visão menos limitada, para preencher a lacuna, o vazio existencial que assola as nossas vidas como “cidadãos” ou indivíduos que cumprem dignamente com seus deveres e obrigações.

Mas e os peptídeos e a sombras predadoras, onde entram nisso?

A socialização nos leva inevitavelmente ao robotismo e à realização de todos os padrões e condicionamentos já citados acima que, por sua vez, são a origem motora para as sensações e estímulos que desencadearão a fabricação cada vez maior dos saborosos peptídeos em nosso organismo para alimento das células. 

E os predadores se alimentam dessas nossas energias emocionais liberadas através da capa energética (epicentro da nossa auto-reflexão) que envolve o ovo luminoso que somos. Ou seja, eles estão tanto consumindo nossa energia quanto mantendo-nos num ambiente tão propício à fabricação dessa energia para servir de alimento. 

Quanto a nós; fazemos algo semelhante quando mantemos as vacas leiteiras em seus currais. 

Se conseguirmos nos afastar ou mudar nossos hábitos através de disciplinas e de um redirecionamento em nossos pensamentos, atos e emoções, estaremos diminuindo a quantidade desses peptídeos que nos envelhecem e enfraquecem nosso organismo, porque estaremos desfazendo as cadeias neurais que nos prendem a isso. Ao mesmo tempo, estaremos nutrindo nosso organismo de energia vital, necessária para fazer girar adequadamente os centros de vitalidade no corpo. Esses vórtices, também conhecidos como chacras, são responsáveis, entre outras coisas, pela distribuição de energia vital a todo o Ser.  

Para isso teríamos que negar o sistema social?

Não exatamente. Primeiro acredito, pessoalmente, que teríamos que nos tornar espreitadores. Para amenizar e/ou eliminar a pressão do meio social sobre nós e tirarmos o melhor proveito de tudo representando nosso papel no palco da vida social, sem prejudicar ninguém. Mesmo porque, nossa maior luta é contra nossas debilidades e nosso maior adversário são aqueles que nos doaram suas mentes e nos levaram a criar essa Máquina dirigida para o ego. 

Sim, os predadores de consciência, são esses os verdadeiros adversários. 

Dominando nossa mente, através do silêncio interior, recapitulando (re-cordar nossas vidas), nos auto-observando no processo da vida diária sem julgamentos e, sim uma sincera e profunda constatação dos fatos e das coisas pelo simples testemunhar consciente e várias outras técnicas, estaremos aos poucos nos afastando do seu domínio. Em minha conclusão, creio que, se os peptídeos são fabricados pelo desencadeamento de nossas emoções liberadas ou reprimidas em conseqüência dos padrões de condicionamento adquiridos pela socialização, e esta foi criada e reformulada por milhares de anos (desde os nossos antepassados primitivos até os dias de hoje) por nossas mentes, que são uma instalação alienígena, vejo que nossa única opção é a aceitar o desafio de desestruturação dessa mente contraditória que nos governa desde tempos imemoriais.

Como diziam os próprios naguais:

─ Nós não honramos compromissos ou tratados nos quais não estivemos presentes ou para os quais não fomos consultados.
Ou seja: se houve algum acordo entre predadores e humanos, não fui eu que fiz!

Só para finalizar, contarei uma história que li no livro do teólogo Leonardo Boff, chamado 
“A Águia e a Galinha - Uma metáfora da condição humana”:

Certa ocasião, um camponês encontrou na floresta um filhote de águia ferido, teve pena do animal e resolveu cuidar dele. Durante anos, o camponês criou o filhote de Águia no terreiro, entre as galinhas, como se fosse um frango. 

Mesmo depois de adulto, o esplendoroso animal de rapina, criado e condicionado como galinha, vivia como se realmente fosse uma galinha, ciscando e se contentando com as migalhas que lhe eram jogadas no chão.

Um dia, um naturalista que passeava pela região, ao verificar tal incongruência, resolveu questionar o camponês. Disse-lhe que, por mais que ele estivesse criando a Águia como galinha, esta jamais seria o que não era.

O camponês incrédulo discordou, dizendo que ele havia criado a Águia como galinha desde filhote, e que esta já tinha mesmo o sangue de uma galinha. O naturalista propôs-lhe um desafio: pediu que, na manhã seguinte, os dois se encontrassem para lhe provar que a natureza da Águia superaria os anos de condicionamento como galinha. Aceito o desafio, na manhã seguinte os dois se encontraram. O naturalista pegou a Águia nas mãos e ergueu-a dizendo:

─ Você, que nasceu Águia, que é filha do vento e descendente do sol, que nasceu para voar, ordeno-lhe que abra suas asas e voe pelo infinito e pelas alturas afora.

A Águia, olhando para o céu de uma perspectiva diferente, ou seja, de cima como uma Águia deveria ver, vacilou, tremeu-se toda, quis mesmo ensaiar um voo, mas logo olhou para o chão, onde as galinhas ciscavam, e desceu rapidamente para junto delas, ciscando também.

O camponês, com ar de vitória, disse ao naturalista que ele não poderia transformar a Águia, pois esta já era uma galinha. O naturalista, convicto de que a natureza de um ser não poderia ser anulada a ponto dele se transformar em outra coisa que não fosse ele mesmo, insistiu propondo-lhe um novo teste na manhã seguinte. O camponês, desacreditado e não tendo outra opção, aceitou.

Na manhã seguinte, o naturalista pegou a Águia e subiu com ela até o telhado da casa do camponês, ergueu-a e disse:

─ Você, que nasceu Águia, que é soberana no elemento ar, que nasceu para voar, ordeno-lhe que voe para imensidão do céu.

A Águia olhou para o céu e sentiu a abóbada azul celeste como uma parte profunda de sua ancestralidade, abriu as asas e, indecisa, bateu-as diversas vezes com uma suposta intenção de voar, mas, logo, um medo tomou posse dela e todo o condicionamento de galinha prevaleceu, e ela voou do telhado até o terreiro onde suas “irmãs” de criação ciscavam. O camponês ria às gargalhadas e disse ao naturalista que a Águia tinha se tornado galinha e nada se poderia fazer a respeito. O naturalista, obstinado, disse-lhe que fizessem uma última tentativa e, se não tivesse resultado, acreditaria que a Águia teria se tornado galinha. O camponês concordou, cinicamente, como que já convencido da vitória.

No outro dia, ambos acordaram bem cedo e foram para o ponto mais alto de uma colina. E, lá chegando, a Águia teve uma sensação estranhamente nova, que lhe encheu de ansiedade deixando-a hesitante. O naturalista ergueu-a, direcionando-a para o sol matinal e disse:

─ Tu, que vieste das alturas, que és filha do Sol, do reino imperial, eleva-te para teu reino dourado.

A Águia tremia como uma vara verde, mal podia esconder a ânsia pela sua origem que remontava às alturas e à liberdade. Tentou ensaiar um voo, vacilou novamente; o naturalista, percebendo o seu medo, usou uma última estratégia: posicionou sua cabeça de forma que os olhos ficassem fixados diretamente ao sol. E ordenou-lhe que voasse ao encontro de suas origens. 

A Águia, ao sentir os raios dourados do sol penetrarem em seus olhos de predador e em suas penas, reconheceu-se (recordou-se), acordando para sua real condição. Arqueou o corpo e mostrou a envergadura de suas asas, batendo-as ferozmente até planar no ar. Em seguida voou livre (liberta como só uma Águia poderia voar) para o infinito, para junto do seu Pai Sol, das suas irmãs estrelas, para o desconhecido firmamento, feliz e soberba. Recebendo, do universo que lhe criou, a liberdade. O presente da Águia.

Somos Águia, Seres mágicos, condicionados e criados como galinhas!

Mas podemos reagir perante isso e perante os predadores que nos tornam galinhas.

2 comentários:

  1. Muuuuito legal seu post!!!

    O conto da Águia vai contra todas as teorias que eu conheço de Sociologia, apesar de talvez existir alguma ramo da Psicologia que talvez concorde com ela...
    Bom, eu concordo! Isso que importa!! Lindo o conto!

    quanto ao lance dos pepitídeos, fiquei CHOCADA. ashusuhsahua... Então meu desejo de chocolate é uma ilusão?!?! sahhashsa... Brincadeira, entendi o que vc quis dizer.
    Mas uma coisa me intriga: até as emoções liberadas nos são nocivas? Achei que liberar emoções era sadio! Ou talvez, o sadio seja viver pouco, quem sabe... A gente tem uma fixação que demorar pra morrer é bom... Qto mais tempo se passa aqui, mais "saudáveis" fomos.. Eu tenho minhas dúvidas... =S

    Oscilações extremas de humor, eu sei que não são saudáveis, excesso de emoções também não, mas também suprimí-las ou minimizá-las me dá paúra só de pensar!!! Fico me perguntando, qual seria o caminho ideal? A pesquisa menciona alguma coisa?

    forte abraço!

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  2. Pois é Jéssika, este conto é forte, foi um lider sul africano chamado James Agrey que o usou para alimentar a Vontade de seu povo depois de séculos de colonização ocidental. Vc pode encontrá-lo no livro do Teologo Leonardo Boff A Àguia e a galinha (Metáforas da Condição humna)
    Deixar fluir as emoções são a coisa mais naturais que deveriamos fazer, assim como as crianças liberam e logo nem se lembram porque choravam ou porque estavam com raiva. O probelma está no circulo vicioso que criamos com nossas emoções oscilantes. Ficamos presos no comportamento doentil de re-sentir e repetir os padrões emocionais e emocionalismos, essas padrões criam novas cadeias neurais que estimulam cada vez mais a volta do padrão dá estímulos, então voltamos a repetir coisas que nos levam as mesmas sensações emocionais. Nesse caso alimentando as celulas como peptídeos.
    Não podemos suprimir as emoções, devemos deixa-lasd fluir, ter consciencia delas é fundamentar afinal acabamos criando uma disciplina de controle emocional, que não significa ficar isento delas, não existe alguem que não expresse emoção. Contudo, no caso da fabricações exagerada dos peptídeos significa que a pessoa em si vive não uma vida de expfressão emocional, mas sim, emocionalismo exacerbado! A socialização trabalho excessivamente para nos ajustar nesse sentido!

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