quarta-feira, 27 de julho de 2011

O Manto Guará.

                                 Projeção Extrafísica espontânea
Horário: manhã
Data: 26/04/2000

Acordei projetado fora do corpo físico. Quando tomei consciência, estava sentado em um banco feito de tronco de árvore, do lado de fora de uma cabana de palha. Logo percebi se tratar de uma casa de reza, ou seja, uma oca Tupinambá.

Ao meu lado senti a presença de alguém, isto é, uma pessoa que já se encontrava ali há mais tempo, em outro banco do meu lado. Identifiquei a presença, era Cléo, na época minha namorada. Por algum motivo ela estava lá sentada esperando algo que viria á acontecer.

De repente, comecei a ouvir cantos indígenas, que parecia anunciar uma cerimônia ritual. Como que de maneira intuitiva eu sabia o que aconteceria. 


Em um piscar de olhos nos projetamos até o interior da oca. Em seguida apareceram à nossa frente cinco índios e um manto todo feito de penas de Guará. As penas incrivelmente belas eram de um vermelho fogo, e o manto tinha cerca de 1,80m de altura e pairava à nossa frente.

Entre os índios, quatro se encontravam de mãos dadas, ou com os braços entrelaçados a entoar jubilosos e afinados cânticos. Todos os quatro índios eram jovens, fortes, truculentos e com corpos bem proporcionados. Já o quinto índio, que se encontrava separado e estava ao lado do manto, sem dúvida era um pajé.

Ao contrário dos outros quatro índios, ele era visivelmente mais velho. 

Mantinha os braços cruzados em posição de respeito, dando –lhe uma postura séria e serena. Um aspecto marcante o diferenciava. Estava mais enfeitado e ornamentado do que os demais e, embora seu aspecto físico fosse mais obeso do que propriamente corpulento, tinha uma presença marcante. Os seus olhos expressavam sabedoria e os conhecimentos dos fatos estavam expressos em sua pintura corporal.

Olhando cautelosamente, 
percebi que os quatro índios que supostamente seriam tupinambás,  eram muito semelhantes aos índios de etnia Xavante.
O que era de se estranhar, pelo fato de estar sendo realizado uma cerimônia ritual com o manto guará, tipicamente tupinambá. Mas, de qualquer forma, isso era algo que não podia afirmar com certeza.

De repente percebi que o pajé, com um gesto, convida Cléo para entrar no manto, a vestir-se com o seu vermelho fogo . No mesmo momento em que ela é convidada, seu psicossoma se projeta para dentro do manto, e eu me sinto como que sendo dragado instantaneamente para dentro também.

Ao entrar, senti como se estivesse com duas consciências, sendo que uma era a minha e a outra a de Cléo. Tudo começou a girar rapidamente como um redemoinho. Tinha a nítida impressão de estar enxergando com os olhos de Cléo. Em um dado momento, um pequeno portal se abre bem diante de nossos olhos, uma imagem holográfica que lembrava muito uma tela de TV.

Começaram a aparecer algumas imagens. O interessante é que elas podiam vir até a mim e eu ir até elas, tocando –as sem nenhuma barreira. As primeiras imagens eram turvas e não as identificava nitidamente.

A sensação de estar enxergando em outros olhos e sincronizado em outra consciência, é muito difícil de expressar, no sentido de que a própria sensação seria a única forma de explicar ou entender.

Uma imagem apareceu nitidamente e se apresentou, me fazendo descontrolar emocionalmente. De alguma forma a imagem me influenciava. O que vi era simplesmente pessoas comuns que vinham ao nosso encontro. Dentre essas pessoas apenas a que estava na frente das outras, pude ver claramente e, era ela que tinha efeito sobre meu estado emocional.

Tratava-se de alguém que desconhecia, mas sentia sua energia como se fosse de um adversário ou empecilho. Essa pessoa era alta, talvez 1,95m de altura, tinha a pele muito clara e cabelos anelados e louros.

Sua presença me incomodava e tinha a impressão que queria de alguma forma prejudicar a Cléo. Ele tentava passar pelo portal. Tinha medo que ele conseguisse, então em ato desesperado comecei a esmurrá-lo na intenção de impedi-lo de passar.

A cada soco que dava, percebia que ele se afastava, juntamente com as outras pessoas que estavam atrás dele. Mesmo assim ele não desistia, então desesperadamente comecei a atirar socos desgovernados ao ar. A intenção de mantê-lo afastado era tamanha que não percebi que estava começando a perder as forças, por causa dos vários socos descontrolados em vão.

De tanto esmurrar em nada, meus braços foram perdendo a força e minha consciência se exaurindo. Até que finalmente fui puxado de volta ao meu corpo físico.

Acordei com um certo cansaço, mas ainda ouvia cristalinamente o cântico indígena que ecoavam em meus ouvidos.

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