sábado, 22 de setembro de 2012

Ayahuasca - Integrado à Tudo




Arte: Pablo Amaringo

Minha primeira experiência com a Ayahuasca (Dai-me) aconteceu no dia 02/02/2002. O trabalho foi realizado na "Igreja" Cé da lua Cheia, localizado em um sítio na região de itapecerica da Serra no extremo sul da capital de São Paulo.  

Coincidentemente, era data de comemoração de aniversário da "Igreja" e trabalho de Lua Cheia, no qual se utilizaria o Hinário da Àguia e, detalhe: Todo trabalho seria feito num bailado de início ao fim. Com uma duração de 10 horas. Programado para começar às 15:00 do sábado até a madrugada do domingo. No entanto, o trabalho atrassou e começou às 16: 30 do horário de verão. 

Já havia alguns meses que combinava com uma amiga, por telefone, para participar do trabalho do Santo Dai-me. Conheci essa amiga por intermédio de outro amigo que me deu seu telefone e, assim, passamos a interagir numa naturalidade tão peculiar como se já nos conhecessemos pessoalmente. 

Ela me deixou o endereço de um dos seus amigos para que eu fosse com ele e mais outros dois para a "Igreja" do Santo Dai-me.
Quando cheguei ao Apto, fui bem recebido por Antônio, um professor de História e fardado do Santo Dai-me.

Logo, chegou um amigo dele, que daria-nos caroa e que há anos já tomava o chá.

Pessoas muito receptivas que me passaram uma sensação muito boa de familiaridade.  

A ida até Itapecerica da Serra foi tranquila. Mata Atlântica, sol e ar úmido.Chegamos a um pequeno sítio com uma "Igreja" localizada numa parte plana do terreno. Já passava das 13:00 horas e já tinha muitas pessoas lá. Meus novos amigos me levaram ao interior da "Ingreja" onde estava Flávia - minha amiga, no qual combinava por telefone para conseguir esse tão esperado trabalho - conhecê-la pessoalmente só confirmou a naturalidade de nossa afinidade. Ambos tivemos a impressão que nos conhecíamos a muito tempo. Estranhezas à parte, essa familiaridade era tão óbvia que foi difícil de negar. 

Já passara do tempo para iniciar os trabalhos e tudo indicava que começaria um pouco depois do previsto. Aproveitei para ficar observando as gotas da chuva de verão que começava a tomar conta da Mata Atlântica ao redor. O ar ficou muito mais úmido e meus pulmões agradeciam dando longas inaladas de ar puro. Sentia-me muito bem naquele local e também com a energia das pessoas que ali encontravam.

A "Igreja" já estava completamente lotada às 16:30 quando se ouviu o primeiro toque de sino anunciando o início do trabalho. As mulheres ficavam num lado do salão e os homens no outro, enquanto no centro ficava a mesa com o "xamã/padrinho" e musicos. Mas, a "Igreja" estava tão lotada que não dava para vê-los lá no centro do salão. Apenas ouvia-se suas vozes.

Deu-se início a sessão com umas canções meio cristãs, para meu espanto, mas eram bonitas. Fez se uma fila para tomar o Dai-me de uma lado dos homens e outra do lado das mulheres. 
Estava na maior expectativa. Ficava imaginando as Visões ou "Mirações" fantásticas que poderia ter. Tomei o primeiro gole do chá. Um gosto um misto de amagargo com azedo, quase vinagrento, porém nada de "horrível" como muitos diziam. Falar a verdade até gostei do sabor, achei tolerável.

Passando-se algum tempo, entre algumas canções e bailados, fiquei observando-me a todo tempo para ver se fazia presente algum tipo de percepção extra-sensorial, mas nada percebia. Continuei tranquilo, bailando e me concentrando nas canções, acreditando que tudo era questão de tempo para o chá fizesse seu efeito.

Duas horas depois e nenhum efeito perceptivo se mostrava. Olhava as pessoas naquela tarde de horário de verão, pareciam todas bem focadas. Imaginei que precisava de maior foco. Então fez-se nova chamada para a segunda dose do chá. E fui na esperança que mais uma dose ajudaria a abrir minha "mente". O gosto foi mais ou menos parecido com o primeiro, porém a bebida parecia um pouco mais concentrada.

Continuei bailando e cantando os hinos. Porém, nenhum estado alterado se fazia presente em mim. Comecei a ficar ansioso para obter algum resultado psicoativo. Mas, como não sentia nada de diferente, passei a questionar sobre o "poder" psicodélico da bebida. 

Mais meia hora havia se passado e nada. Nenhum efeito considerável. Uma frustração foi me abatendo e fiquei meio triste, enquanto olhava as pessoas ao meu redor que pareciam já sentirem os efeitos do chá. Entrei num estado de ponderações mentais relacionados à fé. Em outras palavras,  pensava que talvez fosse preciso ter muita fé para se conseguir algum tipo de "Miração" ou "Visões" com o chá. Achei-me inapto por não ser uma pessoa religiosa. Estranhamente, não tinha percebido como essas ponderações mentais eram tão claras na minha mente; elas vinham ou se apresentavam tão espontaneamente, que nem sequer imaginei que poderiam ser um pequeno efeito do chá que já se fazia efeito na minha psique.

Procurei lembrar-me da minha busca xamânica, para contrapor minha frustração, pois em todas minhas informações etnobotânicas e sobre estados alterados da consciência era unânime de que o efeito dependia muito de vários outros fatores para se apresentar. 

Contudo, meu corpo não conseguia deixar de demostrar meu "aborrecimento" e decepção, estava crente de que o efeito não agiria sobre mim. Então, sem perceber cruzei os braços enquanto bailava pra lá e pra cá, acompanhado o ritimo dos maracás dos hinários junto com as pessoas. De repente, um dos fardados vem para perto de mim, com uma conchão cheia de Sálvia em brasas para defumação que espalhava nas pessoas com uma pena de Àguia. Ele se aproximou de mim e, enquanto espalhava a fumaça, cochicou em meus ouvidos para que eu descruzasse os braços. Por que segundo ele a "energia" ficava presa dentro de mim, quando agia dequele modo. E era preciso daixar a "energia" fluir. 

Automaticamente obedeci, não porque concordava com ele, mas pela sensação estranha que sua proximidade despertou em meu corpo. Assim que ele chegou perto de mim meu corpo começou a apresentar uma vibração estranha. Foi algo muito sensorial. Aquilo me despertou do meu desapontamento, de tal modo, que percebi que algo em mim estava diferente. Não sabia por em palavras ou definir o que quer que fosse. No entanto, era mais que evidente que uma linha tênue tinha se quebrado. 

Fiquei com essa sensação de alerta até o término da primeira sessão do trabalho.

Ao tocar o sino para a pausa até a segunda sessão. As pessoas se dispersaram, cada qual se "refugiou" para um canto, algumas foram para junto da fogueira. E, eu assim o fiz. Encontrei meus novos amigos se aquecendo ao redor do fogo. Todos sem exceção estavam radiantes se abraçavam com tanta alegria que até achei estranho o tamanho da comoção. Me abraçaram também e correspodi da minha forma ao abraços calorosos deles. Todos conversavam muito empolgados sobre a primeira sessão do trabalho.

Quando me questionaram sobre minhas impressões, não economizei palavras para expressar-lhes minha opinião e minhas ponderações sobre o efeito do chá que mal se apresentou a mim. Quando percebi estava quase que criticando o sistema de crenças ou o método dos trabalhos, não de forma indelicada ou inconveniente, mas puramente intelectual. Todos ouviram sem julgamentos e pareciam saber que tudo era  uma questão de tempo para que meu lado racional viesse a desabar, porém não falaram nada à respeito. 

Apenas minha amiga Flávia que não se conteve e me disse algo sorrindo e gesticulando com as mãos para eu aguardar até a segunda sessão, porque, ainda era cedo para conclusões. Segundo ela, deveria esperar parar ver o que me aguardava na segunda parte do trabalho que seria mais intensa. Concordei com a cabeça numa falsa esperança que algo relamente acontecesse.

Toca o sino! Anunciando o início da segunda sessão do trabalho. Todos nos desejamos um bom trabalho e cada um segui em silêncio até o salão da "Igreja". Quando entrei já tinha uma nova fila para mais uma dose do chá. Tomei-o e dessa vez intentei que o Dai-me se manifestasse de forma integral a mim. O sabor estava mais forte e mais concentrado.

Após, alguns minutos bailando. Tinha sempre a estranha impressão de que algo me chamava à atenção do lado de fora, não sei o que, mas era como se um maneirismo irressistível fizesse eu ficar sempre voltando minha atenção até a mata. 

Alguns minutos depois e meu corpo voltou a vibrar estranhamente como da primeira vez. Só que com a diferença que sentia minhas pernas mais moles ou relaxadas. Continuava estremamente racional, medindo o tempo e qualquer tipo de sensação incomum que pudesse se apresentar em meu corpo e mente. De repente, um rapaz que bailava próximo a mim chamou minha atenção. Não entendia o por quê. Mas, algo sempre fazia-me olhar pra ele e percebia que ele estava sempre rindo de algo ou alguma coisa à esmo. Achei esquisito o jeito dele. Se fosse em qualquer outra situação nem ligaria ou não daria atenção, mas algo fazia com que sempre voltasse a prestar atenção ao que acontecia com ele ou com sua reação estranha de rir de algo ou de alguma coisa sem motivo.

Depois de um tempo, esse rapaz saiu do salão e foi até o mato e ensaio um vômito. Parece que vomitou um pouco, mas logo voltou todo entusiasmado e com cara de "bobo".
Nesse interím, comecei a sentir uma molesa em minhas pernas e um topor no meu corpo. Sentia-me leve. Estranhamente leve. Uma sensação de que minhas pernas fossem de borracha. Um pequeno formigamento se apoderou do meu corpo. Nada exagerado, porém muito vívido. Uma sensação tão refrescante começou a me invadir que uma paz, leve e tênue pairou sobre alguma parte de mim, algo que a muito tempo não sentia.

Foi nesse ponto que passei a sentir uma "presença" do meu lado direito, porém  um pouco atrás de mim, próximo ao meu ombro, quase me tocando. Não consegui ver, porém era uma sensação nítida. E aquilo foi me absorvendo de tal modo que disparei a rir e, ao mesmo tempo, procurava não ficar histérico com a sensação estranha que me forçava a rir. Nossa! Como sentia vontade de rir até rolar no chão. Mas, me controlava, pois tinha que me focar no trabalho. Foi nesse momento que percebi o quanto minha mente estava cristalina e meu corpo numa leveza extraordinária. 

De repente, ficou claro pra mim que estava no mesmo estado "abobado" que se encontrava aquele rapaz no qual não conseguia desfocar minha atrenção. Senti que, o que fosse que estava lhe influênciando, agora estava também a mim. E não me importava porque era uma sensação "boa", de descontração, leveza e hilariante. Fiquei consciente de que estava num estado "Xamânico de Consciência", pois sentia o efeito da planta da Ayahuasca ou sua Consciência interagir comigo, como numa simbiose. Uma alegria imensa aflorou de mim. os hinários ficaram tão altos ou minha audição ficou aguçada, de tal modo, que podia de longe ouvir o farfalhar das saias e trajes das mulheres que dançavam frenéticamente numa alegria contagiante.

Olhei para as plantas e para as àrvores e elas pareciam estranhamente vivas! Elas se moviam e bailavam junto e, em harmonia aos ritimos dos hinários. Num instante, tudo foi se transfigurando e minha visão ficou tão aguçada e exótica que parecia estar num momento mágico. Num mundo de contos de Fadas e Duendes. Tudo era movimento, melodias e ritimos. Tudo sem nenhuma execção se apresentava vívido. As coisas pareciam todas vivas e fluidas. As cores das plantas eram tão nítidas e fortes que me absorviam. 

O reino vegetal parecia travar um diálogo silencioso. Algumas plantas pareciam rir, enquanto outras pareciam criar rostos, formas, olhinhos, bocas e sorrisos. Uma felicidade indescritível me abateu. Senti-me tão feliz e com uma afinidade tão grande com a floresta que resolvi sair do salão e olhar de perto as árvores a mata.

Ao sair, alguns fardado, logo vieram próximo de mim para ver se estava tudo bem, nem precisei falar nada, eles perceberam o meu estado e ficaram um pouco distante.
Ao olhar às plantas e as àrvores podia perceber que elas eram algo fluídas, não pareciam tão sólidas como costumamos perceber. Se apresentavam algo porosas e cheias de vida. Pareciam personificar personalidades individuais.

Um encanto me dominou por completo enquanto uma lucidez cristalina não deixava que eu expressa-se uma palavra se quer. Nem que fosse de assombro. Sentia uma "Vontade" inrressitível de testemunhar tudo. Porque tudo parecia incrivelmente vivo. E, foi nesse momento que um homem se aproximou perto de mim. 

Parecia um dos fardados, mas não estava bem certo disso. Ele parecia saber de algo que acontecia comigo. Estranhamente sentia que ele sabia bem o que se passava no meu íntimo. Ele olhou pra mim e acenou com a cabeça, também acenei e ele se fez bem próximo. 

Sentia que queria falar algo pra ele, mas não sabia o que. E percebia que ele sentia isso. Então, ele me perguntou se estava tudo bem comigo. Respondi que sim. Ficamos um tempo quietos contemplando as matas e o horizonte. Estava maravilhado com tudo e sabia em alguma parte de mim, que aquele homem sabia muito bem o que se passava. Gostaria tanto de poder expressar aquilo pra ele, mas não imagina como.

O homem olhou pra mim com uma fisionômia serena e disse:  

Gostoso  tudo isso né!

Olhei pra ele e tentei responder, mas não consegui. Ele ensaiou um leve sorriso e disse: Faça um exercíco de respiração. Em seguida me mostrou a forma adequada de respirar. Aspirando o ar intensamente e enchendo os pulmões e depois soltando levemente de forma compassada. Fiz o que ele me sugeriu. E, então perguntei :
- Como é seu nome? 

Ele respondeu que chamava-se Renato e me ofereceu um pedaço de papel higiênico. Na verdade, nem sabia que era papel higiênico dado a minha "empolgação" e, não sabia o que fazer com aquilo nem porque ele tinha me dado. Assim, num ato instintivo comecei a lipar o nariz com o papel e de forma rápida tentei expressar o que sentia.

Falei-lhe de como me sentia bem e que não tinha palavras pra definir ou expressar tudo aquilo, nem o que sentia nem o que via. 

Era algo incrível que estava acontecendo comigo e não tinha nenhuma maneira de por em palavras o que presenciava.

Renato fez um gesto de consentir com a cabeça e retrucou: Pois é ... é assim que as coisas são de fato. Sei do que você ta querendo dizer. E está tudo aí, sempre esteve. Aproveite, vá, sinta tudo isso!

Simplesmente depois dessas palavras, tive a certeza de que estavamos falando da mesma coisa, e que ele sentia e sabia de fato o que eu estava sentindo. Fiquei muito feliz e o agradeci "telepaticamente", não sei como fiz, mas tive certeza que ele captou, pois sorriu uma concordância.

Saí e comecei a caminhar mais adiante e fiquei bem próximo às àrvores num jubilo maravilhoso. Olhei para o horizonte para uma cadeia de montanhas ao longe e ...de repente; Vi e senti, as montanhas se moverem. Depois, não só as montanhas, mas também as àrvores e o chão. Quando dei por mim o planeta estava se movendo. Pensei que fosse minha respiração que estava criando uma "ilusão" perceptiva. Mas, vi que quando percebia o movimento não estava respirando normalmente. 

Foi nesse interím, que o inacreditavel aconteceu. Vi e senti todo planeta Terra respirando. A Gaya estava respirando como um imenso pulmão. Como um imenso ser vivo. A Terra estava viva e respirava, assim como eu respirava enchendo os pulmões de ar e depois exalando. 

Essa percepção foi tão real e tão incontestável que comecei a chorar, não de emoção sentimentalóide, mas de pura alegria e amor e gratidão ao que estava presenciando. Comecei a falar a esmo comigo mesmo em espanto. Repetia diversas vezes as mesmas frases: - Eles tinham razão. Eles estavam certos! Meu Deus é verdade! Os povos nativos sempre souberam! A Terra está viva, ela é nossa Mãe. Eles sempre souberam. Agora entendo e sei que é verdade.

Enquanto falava e as lagrimas corriam soltas no meu rosto, senti uma gratidão tão imensa por estar vivo e estar vivendo aquele momento tão precioso e estar aqui nesse planeta maravilhoso. E como sentia Amor por essa Terra, Mãe Terra Querida. Era algo sem testemunhos, era uma Amor incondicional, uma graditão sem palavras.

Foi quando uma força estranha me impulsionou a ir próximo da fogueira. Olhei para adiante e, perto do fogo tinha um homem com os braços abertos, parecia que estava se transformando numa àrvore de tão enraizado que seu corpo se expressava. Fui, para próximo da fogueira. O homem saiu de seu "transe" e sorrindo voltou para o salão. Uma força invisível me forçava a abaixar. Assim, sentei em cima da minha perna esquerda, enquanto deixei minha perna direita ajoelhada em frente ao meu peito.

Olhei para o céu e a abóboda da noite fazia -se imensa. As estrelas se moviam, pareciam bailar seguindo o ritimos do hinários ao longe.

Comecei a sentir uma sensação muito forte de ancestralidade. Semelhante a um eco longincuo que reverberava dentro de mim. 

Senti uma vibração na minha garganta bem no ponto do chacra larígeno e, em seguida, uma presença se apoderando da minha consciência. Senti claramente a Consciência de um "índio" em mim. 

Era a mesma presença que há muitos anos se apresentava em minhas projeções extrafísicas. 

Ele me intuiu uma canção monótona e um tanto triste que cantei com a parte mais profunda da minha alma.

Quando terminei ou sai do "pseudo -transe" minha mente estava lúcida, porém sentia que o efeito do chá tinha diminuido drasticamente. Me levantei feliz da vida e voltei ao salão. Estava uma alegria contagiante la dentro. Voltei empolgado e fui tomar mais um copo de Ayahuasca.

Comecei a bailar e logo o efeito voltou e, dessa vez, mais forte ainda. Me sentia tão leve que parecia que podia voar. Tinha a impressão de não estar pisando mais no chão, mas sim, em cascas de ovos que impediam de tocar o solo. Percebia claramente uma corrente espiralada que saia do salão e fluia para cima. E dava-me a impressão que as canções conduziam o seu fluir.

E, nesse instante, senti meu corpo fluir na corrente espiralada. Meu corpo foi ficando cada vez mais leve até  o ponto de perder completamente a sensação corporal e sentir-me apenas como uma neblina consciente. Uma neblina espiralada. 

Sentia em alguma parte bem distante de mim, algo que se assemelhava à miriádes de "eus" como pequenas ilhas desassociadas umas das outras e, ao mesmo tempo, interligadas. 

Algo em mim, me dava a sensação de que eram parte de meu Ego; que estavam inoperantes naquele momento. Enquanto meu verdadeiro Ser era pura Consciência que girava numa neblina espiralada autoconsciente, presente no Aqui e Agora. Onde não existia passado nem futuro. Meu Ser era apenas aquele momento e aquele momento presente era Eterno. 

E, assim me sentia, Eterno. Aqui e Agora. Uma neblina espiralando e fluindo e fluindo.

Minha alegria era tamanha que entendi que estava compreendendo o verdadeiro sentido da palavra "Extase".

Sim, estava em êxtase! Sentia uma felicidade tão jubilosa que nada mais me importava. Se morrese naquele momento, não me importaria, porque estava intensamente feliz. Contudo, a idéia da morte pra mim, naquele estado de Ser, era algo tão sem sentido e desprovido de contexto, pois não tinha nada a ver com uma idéia de separação, ao contrário, se a morte fosse algo comparado ao que estava experiênciando ela só pderia ser algo unificador  e/ou transcendente.

Sentia claramente que, seja lá o que fosse, não era a morte de um corpo físico que temíamos, mas, sim a dissipação do Ego. Ou daquilo que achamos que somos. O Ego morre de medo de deixar de existir.

Depois de todas essas "compreensões" minha consciência foi se expandindo de tal modo que comecei a sentir-me integrado a Tudo. 

Não sentia mais diferença entre meu ser ou de um inseto, nem de uma àrvore. Minha Consciência era uma neblina espiralada, ao mesmo tempo, que era uníssimo com a terra, as folhas das plantas, o vento, a noite. Eu era a poeira do chão, a formiga que carregava as folhas, assim como a folha carregada por ela; estava conectado com as estrelas, com o próprio universo, com minhas células; sentia-me  com se fosse o minúsculo grão de areia que era varrido pelo vento morno da noite e também o vento morno da noite cheio de gotículas de água. Não me sentia separado de nada. Ficou me claro que a sensação de solidão era apenas uma ilusão mental criada pela Mente. Podia ficar sozinho, mas meu Ser compreendia que nunca estaria só. Nem poderia porque estava integrado a Tudo. 

Do mesmo modo que o êxtase começou ele acabou repentinamente.

Olhei  para o salão e as pessoas estavam todas numa energia exuberante. Cantando e bailando numa força incrível. 

Resolvi tomar mais uma dose de Dai-me. Continuei- a bailar e cantar os hinos. Em alguns momentos olhava para as mulheres à nossa frente e via rostos exóticos e surreais que pareciam se distorcer criando formas "elficas" e estranhas. Ria, sozinho comigo. 

Depois, miriádes de luzes coloridas invadiram meu campo de visão. 

E algo se abriu em meu peito. Como se meu chacra cardíaco se liberasse de algo presso nele. E, enquanto as luzes multicoloridas expliodiam em minha mente, uma enchorrada de lágrimas jorravam de meus olhos. Não eram lagrimas de tristeza, antes, eram lágrimas de limpeza. Como se precissa-se expeli-las de dentro pra fora de mim. Nesse interím, minhas pernas já estava bambas. Me sentia o próprio homem - borracha. Sentei-me um momento numa cadeira, mas, logo veio um fardado pedindo-me pra levantar. Levantei e percebi que as lágrimas caiam dos meus olhos mesmo sem estar com vontade de chorar.

Depois da chuva de lágrimas, senti-me mas sóbrio e alinhado. Me concentrei totalmente nos trabalho e nos hinários e cantei alegremente de forma forte e exprerssiva. A todo momento parecia que uma força me conduzia, uma presença ancentral. E algumas pessoas que bailava próximo percebia e sorriam e até se aproximaram para bailar junto a mim. Todos estavam numa felicidade sem igual.

Foi quando uma outra visão se fez. Percebi claramente uma espécie de pelicula muito tênue - que lembrava a bolinhas de sabão - se superpondo diante de mim. Em outras palavras, era como uma parede finíssima entre a realidade tridimensional e outra mais "fina" que se coincidiam uma na outra. Essa camada tênue apresentava iridescência e de lá percebia alguém que se projetava até o limite da pelicula e tentava transpassá-la e assim deixava a marca de sua forma na pelicula. Era a forma de uma mulher, uma índia que também dançava em ritimo aos hinários e usava uma maracá. A visão era tão psicodélica que me fazia gargalhar.

Depois, essa visão se perdeu e deu lugar a outra visão surreal. Olhei para cima no teto da "Igreja" e vi um ser humano muito estranho e belo. Era uma "mulher" que "descia" levemente até o salão onde todos bailavam e sua imagem sobrepunha as pessoas como se fosse diáfana. Ela vestia uma espécie de tecido muito fino e delicado. 

Parecia muito um manto que cobria todo seu corpo. Seus cabelos eram claros e longos até abaixo dos ombros. Suas orelhas eram pontiagudas e se projetavam para fora dos cabelos e seus olhos eram incrivelmente grande, belos e selvagens. Ela abriu seus braços lateralmente e deles saiu um vento forte que veio em minha direção. Deixei que o vento batesse em mim sem resistência, mas quando ele transpassou-me, senti claramente e ouvi vozes de crianças rindo zombeteiramente numa alegria irradiante e inocente enquanto o vento me transpassava. Tive a sensação clara que o vento era crianças, mas não crianças humanas, mas uma espécie de
"Enteal", assim como a mulher que lembrava um "Elfo".

As Visões iam e viam. Os hinários pareciam intermináveis e queríamos que nunca fossem. Pois, era unânime entre todos como era gostoso aquela peculiar sensação de que a musica não acabaria nunca.

O efeito do chá já tinha diminuido o bastante. E o trabalho também estava no fim. As pessoas todas em júbilo. 

Ao chegar o témino do trabalho, todos se abraçaram, assobiaram, gritaram e bateram palmas. Se já se passava das 03: 00 da madrugado do domingo.

Encontrei com meu amigos na fogueira. Estava muito feliz. Todos estavamos e perceberam que eu tive uma boa experiência. Nos abraçamos e rimos muito ao comentarmos sobre acasiões cômicas que aconteceu no desenrolar do trabalho e das besteiras que cada um contava das coisas que aconteciam lá. Coisas mundanas que nos faziam rir a beça. Como se fosse para compensar toda a experiência profunda que todos passamos.

Minha amiga Flávia me perguntou se tinha gostado e se tinha mudado de opinião. Lhe respondi numa empolgação fora do comum que tinha sido o momento mais feliz da minha e vida e que estava me sentindo hiper-bem. Todos riram com meu comentário espontâneo.

Esperamos amanhecer enquanto ficavamos conversando na fogueira e deixando claro a familiaridade que todos sentimos uns com os outros.

Quando já estavamos no carro seguindo pela estrada de terra e passando por entre sítios e chácaras e muita mata atlântica, recebemos um presente do Espírito. 

Poder contemplar o vôo de um lindo e grande karkara em todo seu explendor e liberdade. Ele voava tão próximo e tão livre e liberto que todos paramos pra observá-lo da janela do carro e como que
interligados "telepaticamente" uns com os outros repetimos as mesmas palavras todos juntos

Ahhhh ...que privilêgio ser um pássaro! 


sábado, 1 de setembro de 2012

Reflexo do psicossoma no espelho.



Projeção extrafísica provocada

Horário: 09h00
Data: 09/05/05
                                                              
Ao finalizar alguns exercícios de respirações, meu corpo entrou em estado de relaxamento total. Senti que poderia me projetar a qualquer momento. Quando parecia que ia conseguir, caí em um sono profundo, acordando no corpo físico minutos depois.

Resolvi praticar técnicas projetivas de visualizações. 

Tive maior sucesso, logo meu corpo começou a inflar como um balão me veio à certeza de que conseguiria me projetar consciente desta vez. Mas para meu desapontamento, a sensação passou e voltei a dormir, acordando em seguida.

Essa situação se repetiu vezes seguidas, ou seja, toda vez que tinha certeza que efetuaria a projeção, entrava em sono fisiológico e acordava alguns minutos depois, voltando assim, para os exercícios de respiração e as técnicas projetivas.

Acabei ficando com a mente muito confusa nesse processo, minha atenção ficava sonolenta e turva como de um ébrio. Entre um sono profundo e um acordar, resolvi levantar-me da cama, mas não consegui. Meus olhos estavam bem abertos, mas sentia um peso nas pálpebras. Tentava gritar e não conseguia. Percebi que tinha entrada naquele conhecido estado intermediário da projeção, a paralisia temporária.

Era sabido que neste estado bastava controlar a emoção e ficar calmo, que seguramente o corpo psicossomático se projetaria para “fora do físico”.

Como já conhecia bem esse processo procurei ficar calmo e observar o teto do quarto. Estranhamente não tive paciência, forcei a projeção tentando levantar da cama, como se estivesse usando o corpo físico. Fiz enorme força até levantar meu psicossoma a noventa graus na vertical, mas voltando para a posição anterior em seguida. Um peso sobre humano me impedia.

Estava em um impasse, acoplado em meu corpo físico, podia perceber todos os detalhes do quarto ao meu redor de forma aguçada, mas não conseguia me mexer. Quando através de grande esforço, me levantava com meu psicossoma até certa altura, sentia um enorme peso e uma força que me puxava de volta.

Finalmente por me sentir esgotado desisti e fiquei no estado da paralisia temporária.(que já não era tão temporária no momento).

Foi quando, sem perceber me imaginei ao lado do meu corpo físico. Isso foi o bastante para que me projetasse em pé, ao lado da cama. Percebia meu corpo físico deitado, ao mesmo tempo, em que via meu corpo energético em pé.(como na autoscopia).

Tornei consciente que ainda estava com um peso sobre humano me impedindo de se mover. Sabia que nesse estado não demoraria muito e voltaria para o corpo físico, então fui direto ao meu propósito.

Olhei para o guarda-roupa a minha frente, estava a uns quatros passes de distância. Nele existiam dois grandes espelhos, tinha intenção de ver o reflexo do meu psicossoma no espelho, se este fosse possível.

Com uma dificuldade fora do normal, dei o primeiro passo, parecia impossível chegar até a frente do espelho. Parecia que minhas pernas estavam coladas no chão e meu corpo parecia ser feito de chumbo. Na minha ansiedade pelo teste, não conseguia me manter controlado, para analisar o porquê daquilo estar acontecendo.

Sabia que não tinha muito tempo e nem mais um segundo a perder. Com muita dificuldade dei o segundo e terceiro passo e, consegui me segurar no guarda-roupa. Não conseguia por mais que me esforçasse, dar o quarto e definitivo passo. Então inclinei meu corpo, com minhas mãos agarradas ao guarda-roupa, até conseguir ficar com uma parte parcial do rosto em frente do espelho.

Para meu desapontamento, não via minha face, fiquei procurando o reflexo e não encontrei. Isso aumentou meu descontrole e fiquei agitado. Então, de repente vi o reflexo, ou o vulto, daquilo que parecia ser a imagem do meu braço direito, passando rapidamente, em sinal de agitação.

Voltei a fazer força, para me inclinar mais diante do espelho e, novamente vi, a imagem do meu braço no espelho, passando de cima para baixo. Tive certeza, então, que poderia ver minha imagem. Focalizei minha atenção para a parte esquerda do espelho, onde estava minha face e, no pequeno trecho vi meu rosto.

O que vi me deixou impressionado! 

Não era exatamente a imagem do meu rosto, como o conheço e, sim, uma massa de um amarelo limão fosforescente. Os traços do meu rosto estavam indefinidos, disforme e minha cabeça maior, como que espalhado, quase borrado. Era uma forma luminosa, mas ainda sim, um tanto opaco. Tinha a impressão de que minha imagem tinha sido impressa no espelho, com um tipo de borrada porosa de massa luminescente. Lembrava a luz emitida pelo vaga-lume.

No exato momento, que percebi o que acabei de descrever, voltei imediatamente ao corpo físico.

Obs: Dois motivos explicam o fato do peso no corpo psicossomático e sua dificuldade de se mover.
I -O projetor extrafísico, Geraldo Medeiros Jr, explica que o fator emocional e a proximidade do corpo energético ao corpo físico criam uma força magnética que puxa o psicossoma para o físico, no momento em que ele está direcionando o fluxo de energia para o psicossoma.

I –Nas obras do antropólogo, Carlos Castañeda, o xamã Yaqui Don Juan Matus; afirma que isso tem a ver com uma questão de condicionamento do mundo cotidiano. Nós acreditamos que podemos nos mover com o corpo energético, da mesma maneira, como nos movemos com o corpo físico. Isso requer muita energia, por que não estamos em um corpo físico e sim, em um muito mais sutil, que só necessitaria do “intento” força de vontade e imaginação para se locomover.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

"Sonhando" Juntos



Projeção Extrafísica provocada
Horário: 10h00
Data: 10/05/05

Novamente resolvi praticar algumas técnicas projetivas e exercício de respiração. 

Quase a todo instante, caia em sono profundo, acordando em seguida. Em dado momento, tentei me levantar e não consegui, sentia as pálpebras pesadas, contudo enxergava tudo a minha volta, embora tinha a convicção de que meus olhos físicos estavam fechados.

Entrei no estado de paralisia temporária.

*(Em virtude do redirecionamento do fluxo de energia consciencial para o corpo imediato em movimento, surge o efeito de paralisia. É neste estagio que o psicossoma começa a se libertar do corpo físico)*.Geraldo Medeiros Jr.

Neste estagio intermediário comecei a ouvir passos que vinham da cozinha. 

O som era muito nítido e tinha certeza de haver alguém alem de mim na casa. 

Em seguida reconheci os sons dos passos. Eram de tamanco e produziam o som semelhante do andar de minha ex-companheira. A nitidez e o exato reconhecimento do som me fez voltar para a consciência comum. 

Não ouvia mais nada.

Meu corpo estava como a um pano molhado jogado ao chão, em relaxamento profundo. 

Não demorou muito tempo, para que a paralisia temporária voltasse.

Desta vez, veio acompanhada pela sensação de crescimento (conhecido como Ballonment ou balonamento). Tal sensação é semelhante a um inchaço, dando a impressão de se estar inflando como um balão.

Mas desta vez, não foi meu corpo psicossomático que se projetou e, sim, meu campo de visão extrafísico. Senti esse campo de visão, como sendo toda minha consciência aglutinada em um ponto que pairava a meio metro acima do plexo solar.

Num impulso espontâneo, meu campo de visão, saiu do quarto, passou pelo corredor até alcançar a porta da cozinha. Passando por ela, igual a um rastreador, ficou parado bem ao centro do corredor da área de serviço.

Em questões de segundos, senti que alguém apareceria ao meu encontro, por de trás da casa. Um segundo depois dessa sensação, apareceu á minha frente, saindo de trás da casa, minha ex-companheira. 

Assim que ela ficou de frente para mim, instantaneamente se desintegrou, como uma bolha de sabão explodindo no ar. 

No mesmo instante, também voltei para meu corpo físico.

Fiquei intrigado com a experiência e esperei minha ex-companheira para questioná-la sobre o fato. Para meu assombro, quando ela chegou do serviço, estava de cabelos soltos e usava as mesmas roupas quando no momento da aparição.

Fui logo contando toda experiência para ela. 

Em seguida ela me relatou que; entre ás 11h 00 e 10h30, estava preparando o almoço, quando sentiu um sono profundo e de repente se viu em casa. 

Disse-me que sabia que eu estava dormindo e, que talvez, por estar pensando em mim sua consciência se projetou até lá. 

Continuou dizendo que ficou andando por toda cozinha e sala, depois voltou para a consciência comum. 

Em seguida sentiu leveza no corpo e se projetou novamente para casa.

Mas desta vez, ao chegar no corredor da área de serviço, percebeu que eu tinha lhe visto. Sentiu de alguma forma, que eu sabia que ela estava ali e a observava. 

Então me disse que foi instantâneo... 

Uma força a levou de volta ao serviço.

Talvez o susto da constatação de que estava sendo vista, lhe fez voltar para o corpo físico, acontecendo à mesma coisa comigo. 

Com a diferença que eu voltei para o físico, porque a vi se desintegrar na minha frente.

sábado, 4 de agosto de 2012

A entidade atrás da porta.

                           

Projeção extrafísica Provocada
Horário: 9h40
Data: 11/05/2005

Após algumas técnicas projetivas, fui perdendo a consciência da vigília. De repente senti minha atenção sendo dragada, não para dentro de algo, mas para fora de mim.
Toda minha consciência se projetou para fora, de onde imaginava ser meu plexo solar, numa forma esférica de um azul celeste brilhante.

Minha consciência ficou coesa em um ponto e, esta, era todo meu campo de visão extrafísico. Sentia, como se toda minha atenção estivesse concentrada numa visão unificada, como de uma luneta.

Espontaneamente, saí como uma serpente sibilante a rastrear um animal de pequeno porte. 

Saí do quarto, passei rapidamente pelo corredor e cheguei à cozinha. Olhei para a porta da mesma, que estava entreaberta, e percebi uma presença atrás dela. Vi uma pessoa, um homem que estava de lado para mim. Esse homem, ou entidade percebeu que algo o observava. 

Ele virou sua cabeça para sua esquerda, onde meu campo de visão o espreitava. 

Essa atitude foi o bastante para que eu voltasse para meu corpo físico. 

Acordei um tanto atordoado. O meio do meu corpo, do umbigo até pouco acima do plexo solar estava completamente gelado. Creio que voltei assustado pela a presença que testemunhei.

Fiquei pensando o que aquele homem fazia lá, escondido atrás da porta da cozinha. 

A visão foi nítida, tudo muito claro e perfeito.

O homem, ou entidade, era de baixa estatura, talvez 1.58 de altura. Usava jaqueta e calça jeans comum. A jaqueta era azul, mas estava desbotada, dando um aspecto quase branco. A calça era azul escuro. Usava óculos redondos e grandes, como fundo de garrafa. Tinha cabelos espesso e desalinhado de cor castanha, com algumas mechas grisalhas.

Seu maxilar era quadrado, mais frágil, com o queixo pontiagudo no final. Tinha uma barba castanha, quase cheia e mal feita. Ao todo tinha uma expressão franzina. Sua cabeça era redonda e aparentava entre 39 a 45 anos de idade. Seus óculos, fundo de garrafa, lhe davam um aspecto esdrúxulo. Ficava com olhos oblíquos como dos chineses. Contrastando totalmente com seu feitio ocidental.

Não tinha a menor ideia do que ele estaria fazendo ali.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Usando o corpo psicossomático.



Projeção extrafísica
espontânea

Horário: madrugada
Data: 21/04/05


Despertei projetado, consciente de estar em outro corpo mais sutil (psicossomático). Estava plenamente lúcido e me encontrava na posição de decúbito dorsal, talvez, alguns metros acima do meu corpo físico.


No momento em que fiquei ciente de estar flutuando acima do meu corpo físico, não mais via o quarto onde dormia com minha ex-companheira. Apareci flutuando na rua em frente à casa dos meus pais, no bairro onde morava.


Estava na posição de decúbito dorsal, quando levantei meu psicossoma verticalmente, levitando a uns 18 metros de altura do chão. Fiquei observando a rua onde morava, olhava em toda sua extensão até a pracinha. Percebi muitas pessoas perambulando, acordadas na madrugada e as luzes dos postes que estavam acessas.


Estranhamente tinha uma grande fogueira na calçada da rua, a uns 30 metros de onde estava.

Via-se um grande movimento de pessoas, elas iam e vinham de um lado ao outro, outras entravam e saiam do bar e sentavam ao lado da fogueira.


Parecia até mesmo época de São João, embora não visse nenhuma alegoria que confirmasse tal data festiva. De qualquer forma, elas pareciam festejar algo. A cena me trouxe muitas recordações de infância e adolescência. Da altura onde estava, com um sentimento nostálgico, acenei para as pessoas e, embora elas não me percebessem, sabia que estava me despedindo da cena, do sentimento que tudo aquilo me proporcionava. Fazia parte do passado, não era mais minha vida.


Após ter acenado, girei em meu próprio eixo e me dirigi para a avenida principal (Afonso Monteiro da Cruz), que faz travessia com a rua onde morava. Num instante, estava lá, então imaginei um percurso a fazer. Pensei no mesmo percurso que fazia quando em corpo físico na vida cotidiana. Seguir a avenida até o cruzamento com semáforo e depois virar a esquerda, no sentido bairro Serraria.


Assim que terminei de visualizar o trajeto, meu corpo psicossomático que flutuava, na altura de 18 metros do chão, disparou automaticamente numa velocidade extraordinária.


A velocidade era tamanha, que sentia o vento bater no meu rosto, deixando-me mais lúcido ainda. Parecia-me estar em uma nave voadora, nave esta que era meu próprio corpo. Meu corpo obedecia a meu comando com um simples desejo, não precisava pensar duas vezes, bastava imaginar e querer. Voei numa velocidade impressionante, na posição de um homem bala, minha satisfação era indescritível. Sentia-me totalmente empolgado e cheio de energia, vivo e feliz, dava gargalhadas ao vento, que desalinhava meus cabelos.


Como a uma criança gritei, sentindo o vento bater no meu rosto. (tudo isso aconteceu de forma muito rápida)


De repente, quando percebi já estava muito próximo ao semáforo, não dava tempo de virar a esquerda, como o planejado, já estava muito em cima e a velocidade era tamanha que acabei passando direto pelo semáforo. Então em uma cena surreal, brequei no ar flexionando os joelhos e, patinei como se estivesse esquiando no gelo. Parei no ar já a certa distancia do cruzamento... passando direto.


A cena era hilariante, ria de mim mesmo, sentia tanta vida em mim só comparada, ainda que de longe, a liberdade inocente das crianças.


Retornei na mesma velocidade para meu ponto de partida e repeti a experiência. Novamente a velocidade foi incrível. Mas quando tentei virar à esquerda, outra vez não consegui. Acabei freando bruscamente como antes. Era tão gostoso e excitante que fiz novamente. Retornando ao ponto de partida, resolvi não virar à esquerda, queria patinar ao brecar no ar como já tinha feito antes.


Repeti a experiência pela terceira vez e, quando, brequei, decidi desta vez, seguir a rua do trajeto imaginado.


Voltei de onde parei e virei à direita, seguindo a estrada do Rufino. Fui passando, em uma velocidade razoável, por lugares que normalmente ia a pé, mas sem dar atenção ou me importar com os detalhes, estava fascinado com a experiência. Tudo que queria era continuar voando velozmente.


Por um momento comecei a sentir que a velocidade tinha diminuído, mesmo eu querendo o contrário. Parecia que mesmo desejando voar mais rápido, meu psicossoma não obedecia. Achei estranho, e quando já estava próximo da rua Gregório de Bezerra, senti meu corpo ficando mais pesado. Pensava ser por causa da velocidade e a força que fiz para virar à esquerda e o freio brusco.


Achava estranho pensar essas coisas, soava como meros padrões físicos. Mas de qualquer forma, sentia meu corpo energético denso e sem velocidade alguma.


Tive a impressão que naquele momento poderia retornar para o físico, mas não pretendia, estava tudo tão mágico. Não poderia retornar ao corpo físico, queria continuar a experiência. Acabei ficando ansioso e com receio de acordar, então meu corpo foi perdendo a leveza e fui vagarosamente descendo. Embora não podia mais manter o voo, ainda estava muito leve. Tinha a mesma sensação dos astronautas na lua.

Cai na entrada do quintal de uma firma na esquina da rua Gregório Bezerra, ao encostar os pés no chão, dei um leve impulso e foi o bastante para que voasse uns nove metros até o telhado da mesma. Sentia-me literalmente como os astronautas, com a diferença que podia dar saltos mais altos e longos.


Do telhado da firma saltei para as lajes vizinhas, inclusive a de antigos amigos meus. Estava com pressa e ansioso, sentia que a experiência poderia acabar a qualquer momento. Aproveitando a fluidez e leveza que ainda tinha, saltei até a avenida Margarida Maria Alves e, de lá segui a te a rua Leon Trotsky, fiquei lá observando por alguns instantes. Depois disso, dei mais um impulso e pairei em cima da laje da Padaria Potiguar, na rua de baixo e paralela a Leon Trotsky.


E, antes de por os pés na laje, pairei espontaneamente, na posição de decúbito dorsal, a uns dois metros da mesma. No mesmo instante, percebi uma presença ao meu lado, pairando também na mesma posição de decúbito dorsal. Era minha ex-companheira.


Assim que a percebi ao meu lado, comecei a ser dragado ao meu corpo físico. E quando me projetei no quarto, vi o seu corpo físico deitado ao lado do meu. Sentia uma força me puxando para meu físico. Num instante senti estar deitado, tentei me mexer e não consegui. Não estava totalmente acoplado. Sentia a paralisia temporária, minha mente prosseguia expansiva e clara.


De repente comecei a captar ondas vibratórias, que logo se transformaram em ritmos, melodias e numa canção. Ouvia palavras em outra língua, que estranhamente estava sendo emitido do campo vibracional de minha ex-companheira.


Intuitivamente senti ser uma língua de algum país da áfrica, e mesmo pela sua sonoridade.

Tive impressão que era a minha ex-companheira que estava conversando comigo, numa língua africana. Tinha a intuição de ser língua Zimbábue (embora não conhecesse a língua Zimbábue).

Nesse ínterim, comecei a ouvir um maravilhoso coral de vozes, como se estivesse ali varias pessoas. As vozes eram de mulheres de alguma etnia africana. Em resposta comecei a ouvir outro coral de vozes, agora masculinas, que vinha do meu campo vibracional. Eles cantavam em resposta ao coral das mulheres, até que se tornou um imenso e jubiloso coral de homens e mulheres. Tudo muito lindo e afinado. A canção era desconhecida, mas incrivelmente bela e as vozes sem duvidas eram de alguma etnia africana.


No mesmo momento, minha ex-companheira e eu, começamos um intercambio de linguagem em meio ao coral. Ao mesmo tempo em que cantávamos, acompanhando a canção do coral, conversávamos um com o outro na língua africana que para mim era ininteligível. Mas que se expressava através dos sentimentos de sonoridade que as vozes proporcionavam.

Ela falava comigo na língua africana e, eu respondia na mesma língua. Logo em seguida, vinha o coral de vozes femininas e em contra partida, o de vozes masculinas.

Esta situação não durou muito tempo, mas o necessário para ficar maravilhado com a experiência. 

Até que tudo foi perdendo a força de coesão e acordei .

terça-feira, 3 de julho de 2012

Ataque Extrafísico


Projeção extrafísica espontânea
Horário: 22h00
Data: 29/07/05

Às 22h00 do dia 29/07/05 resolvi me deitar. Sentia-me um tanto esgotado, então me dirigi ao quarto enquanto minha ex-companheira ficou na sala utilizando o computador. Logo ao me espreguiçar na cama senti um peso enorme em meu corpo, um sono profundo me invadiu. Assim que senti o cansaço, meu corpo desaba no colchão e a inconsciência se apodera de mim.

Começo a despertar! 

Abri os olhos, meu corpo estava pesado e não conseguia levantá-lo. Tinha consciência de estar semi projetado, mas alguma coisa estava me incomodando. Percebi uma presença à minha esquerda, minha visão estava turva. 

Esforcei-me ao máximo para ver o que era, mas senti uma força me impedindo, fazendo a sensação incômoda aumentar. Ao tentar controlar minha emoção minha visão se tornou mais clara. 

Então, foi quando percebi uma mão com o dedo indicador pressionando minha garganta, abaixo do chacra laríngeo, exatamente na cavidade da cervical, onde se forma um v. Essa região é responsável pela decisão do indivíduo. Entendi que a presença que estava à minha esquerda tinha essa intenção, a de anular a minha decisão.

Fiz enorme força para direcionar minha visão. Foi quando consegui ver nitidamente o ser que impedia de me mover. Para meu espanto era a imagem da minha ex-companheira. Por algum motivo fiquei aterrorizado em ver que era ela, ou melhor, uma entidade com sua imagem.
Por algum motivo específico, não conseguia ver o seu rosto. Em seu lugar apenas percebia uma sombra negra. Tinha corpo, cabelo e usava roupas iguais a dela, mas não tinha face, a não ser um buraco negro.

Comecei a entrar em desespero, lutava com todas as forças para me livrar do seu domínio. Sentia meu corpo psicossomático se exaurir. Comecei a morder os dedos da mão da entidade, que continuava a pressionar a minha garganta. 

Sentia os seus dedos se partirem em meus dentes. Nesse instante, uma força extra, fez com que me levantasse a fim de fugir, mas a entidade segurou os meus punhos envergando-os para baixo e me paralisando novamente.

Em meio a gritos desesperados comecei a perguntar por quê ela estava fazendo aquilo comigo. A única resposta que obtive foi uma risada escarnecida e estridente que me deixou mais assombrado. Comecei a fazer uma enorme força para acordar. 

Com o último impulso de força que me restava, lutei para voltar ao físico e, quando já estava quase me entregando, algo fez com que eu voltasse ao meu corpo físico. 

Acordei atordoado e me dirigi à sala, onde ainda se encontrava minha ex-companheira. Ela me olhou preocupada, ainda mais ao perceber minha fisionomia de desconfiado.

Após contar-lhe detalhadamente a experiência, ela me disse ter visto uma sombra passar por ela e se dirigir ao quarto onde eu dormia.

Chegamos à conclusão de que algum ser inorgânico, ou formas-pensamento, enviado por alguém, tinha assumido parcialmente a sua forma, com a intenção de me obsidiar (sugar minha energia).