A Máscara

Projeção extrafísica provocada
Data: 19/06/1997
Horário: 09h00

Resolvi praticar uns exercícios de respiração, na intenção de conseguir uma projeção consciente, então me deitei na parte de cima do beliche. Após uns 10 minutos de respirações profundas e rítmicas, semti um relaxamento profundo em meu corpo físico. Logo comecei a sentir sensações projetivas, meu corpo começou a inflar-se como um balão e tive a sensação de crescimento.

Tinha certeza que teria uma projeção lúcida, pois sentia minha consciência começou a crescer e/ou estufar como um balão, ao mesmo tempo em que sentia uma paralisia temporária. 

Quando percebi que realmente estava pronto para sair lucidamente do meu corpo físico e que nada daria errado, controlei minha emoção, mas de repente a deliciosa sensação começou a cessar. 

Tentei me manter controlado, mas a sensação de crescimento começou a diminuir e o vislumbre que tinha com a semi-expansão da minha consciência foi voltando ao estado ordinário, até estar em estado de vigília novamente na cama.

Sentia-me frustrado, tinha certeza que conseguiria, não entendia por quê não tinha dado certo. Fiquei refletindo algum tempo o que tinha saído errado, ao mesmo tempo em que sentia meu corpo físico como um pedaço de pano molhado jogado ao chão.

Num instante perdi a consciência e adormeci. Quando despertei, senti uma leveza e uma clareza que antes desconhecia. 

Percebi que minha mente estava límpida, cristalina e que flutuava alguns cm acima do meu corpo físico. 

Senti uma liberdade e alegria envolvente.

Para, então, logo essas sensações desaparecem da mesma forma que surgiram. 

Ao direcionar minha visão extrafísica na direção da porta do quarto, tamanho foi meu espanto! 

Estava ao meu lado, próximo à cabeça do meu corpo físico, um ser, uma entidade que me descontrolou emocionalmente. No exato momento que vi a forma, como que se a conhecesse, gritei: 

Você! 

E, num ato desesperado, girei meu corpo psicossomático em seu próprio eixo e tentei descontroladamente voltar para meu corpo físico. 

Fazia tremenda força para acordar, mas não conseguia. 

Por algum motivo a entidade me apavorava. Talvez, pelo fato de que ela tinha algo a ver comigo, ou por conhecê-la, mas não compreendia realmente.

O que mais me assustava era seu aspecto: 

Ele usava uma máscara de um branco acinzentado e um bico parecido com um de pássaro, que lhe cobria as partes superiores do rosto deixando apenas a boca visível. 

Outra coisa que muito me incomodava era o fato de que ele usava minhas roupas, ou seja, ele estava com uma gôndola verde do exército que sempre usava, juntamente com uma calça de veludo preta. 

Novamente fiz força para acordar. 

A entidade, percebendo o meu esforço, começou a me impedir. 

Vi quando do meio de seu corpo saiu uma espécie de fibra nebulosa com uma mão disforme em direção ao meu corpo físico. A fibra nebulosa parou sobre o meu plexo solar, à altura do estomago e começou a pressioná-lo. 

Imediatamente meu corpo psicossomático sentiu a sensação da pressão e entrei em desespero. 

Estranhamente comecei a sentir como estivesse com duas atenções, ou seja, comecei a trabalhar com dois níveis de consciências simultaneamente. Podia me ver deitado e sentir fisicamente a pressão em meu estômago, como também podia me ver flutuando e sentindo a sensação da pressão por todo meu corpo psicossomático (corpo energético).

Fiz novamente, em meio à agonia, imensa força para acordar e sair das garras da entidade. Então, o Ser dirigiu a fibra nebulosa até a localidade do meu chacra genésico e, sem cerimônia, apertou meus testículos. A dor física e a pressão que sentia em ambos os corpos eram tenebrosas e derradeiras. 

Senti com toda a consciência do meu ser que não poderia suportar tal pressão e, ao mesmo tempo, tinha a impressão de não poder me mexer. Quis soltar um grito com toda a minha força, mas não conseguia. 

Enquanto isso, a dor e a pressão era insuportável, senti que não aguentaria e comecei a perder as forças e a consciência.

No exato momento em que praticamente tinha me entregado; uma força ou alguma coisa eclodiu de mim, me fazendo libertar das garras da entidade mascarada.

Com imenso alívio, girei no ar em meu próprio eixo e olho profundamente para a entidade de máscara.

E quando, os meus olhos encontraram os seus... 

Vi o quão tristes eram... 

E vi como eram tão parecidos com os meus... 

E vi no reflexo daqueles olhos o quanto aquele ser que se escondia por detrás da máscara se parecia comigo. 

Vi que os tristes e vagos olhos eram meus próprios olhos. A profunda tristeza e solidão daqueles olhos quase sem vida, eu não esqueceria nunca mais.

Antes de voltar ao meu corpo físico, inda pude ver a imagem do Ser indo embora, estática e de costas para mim. Mas não via mais um corpo ou forma e, sim, uma gôndola e uma calça vazia que flutuava como que pendurada ao nada.

Quando despertei, fiquei uns 30 minutos paralisado e refletindo sobre a experiência. 

Sempre que me lembrava da projeção tinha receio e medo; durante anos tentei compreender quem era o Ser e por que fazia aquilo. 

Hoje, depois de tantos anos, ainda é nítidas a sensação e tudo que se passou. 

Embora hoje acredite que o Ser fosse um aspecto de mim , uma máscara de mim mesmo ou o reflexo da minha auto-imagem, ainda tenho muitas dúvidas sobre tudo.