
Projeção Extrafísica induzida
Data: 02/06/2000
Horário: 16h00
Titulo: Já passava das 16h00 horas da tarde, quando me tranquei no quarto, despenquei na cama em prantos. Estava abalado e emocionalmente descontrolado, por causa de problemas de relacionamento afetivo. Acabara de romper um laço amoroso, um relacionamento que durara quatro anos, muito oscilante e turbulento.
As lágrimas escorriam pela minha face como a correnteza de uma cachoeira enfurecida. Não conseguia me controlar.
Dizia a mim mesmo que não conseguiria viver sozinho, que não suportaria viver tal situação. Sentia-me péssimo, em total descontrole emocional.
Quando o descontrole chegou em seu ápice, me sentindo delirante e febril, notei um calor no topo de minha cabeça. O calor de alguma forma me acalmou. Comecei a me sentir sonolento e, antes de cair no abismo inconsciente do sono, pude notar por frações de segundo, pairando acima de mim, vários rostos de pessoas trajando roupas brancas.
Elas pareciam estar em círculo e estendendo suas mãos me energizavam. Eram consciências com finalidades altruístas de auxílio. Embora não os visse nitidamente (pareciam estar envoltos em uma película transparente e muito tênue) a fisionomia de uma mulher, em especial, me chamou a atenção.
Ela tinha cabelos castanhos, avermelhados como o cobre, era curtos tipo chanel, roupas brancas e rosto angular. Não percebia os detalhes, como boca, nariz, olhos etc...
Sentia uma familiaridade incrível com ela.
Após essas observações apaguei.
Acordei!
A cena onde me encontrava era uma savana que lembrava muito o território da “Mãe África”. Notei minha lucidez e as imagens estavam claras e nítidas.
Percebi que estou com os joelhos dobrados e as mãos apoiadas no chão, como os bebês quando aprendem a gatinhar.
Ao meu lado esquerdo, encontrava-se um homem negro que estava na mesma posição que a minha. Observei que uma corda envolvia o seu pescoço, com a outra extremidade amarrada em um pau. Parecia-me tão submisso quanto um cachorro sarnento.
Após essa constatação, notei que estava em igual ou pior situação. Logo percebi que também tinha uma corda envolvendo meu pescoço e quase me sufocava. Com a diferença que a outra extremidade, da ponta da corda, estava sendo segurada por alguém, cuja imagem fez arrepiar todo meu ser!
Um homem de raça negra, muito alto semelhante aos da tribo Masai, ornamentado com penas de pavão, colares de um verde claro e denso, segurava a corda que prendia meu pescoço. Senti um assombro indescritível.
Em seguida, comecei a ouvir uma canção com uma vibração muito pesada. Entoavam-na muito alto e forte, talvez em língua Yorubá.
Percebi que o indivíduo que me prendia com a corda, igual a um cachorro, estava acompanhado de uma dezena de outros negros, também ornamentados como ele. Tratava-se de um ritual que desconhecia, mas me enchia de pavor.
Eles davam dois passos para frente e depois dois para traz. Tudo em compasso com o ritmo da canção horrível e densa que me dava calafrios. Meu medo era tamanho que tinha vontade de chorar, implorar pela minha vida.
Uma autopiedade apoderou-se de mim.
Ao passo que meu medo e ansiedade se intensificavam, o ritmo da canção acelerava. A cada dois passos para frente, eles apontavam as longas lanças pontiagudas para nós, deixando-as a um palmo de nossos narizes.
Podia sentir o peso que a vibração da canção me transmitia, parecendo enfraquecer meu corpo. O ritual era nauseante.
Em dado momento, o homem que me segurava pela corda, trouxe um pedaço de carne em estado de putrefação. Sua cor era de um rubro negro, como sangue coagulado. O homem-negro se aproximou de mim e ordenou que comesse a carne.
O medo e fragilidade na qual me encontrava era tamanha, que não pensei duas vezes. Dei uma mordida na carne purulenta e podre, engolindo parte dela e, em seguida entreguei a outra parte para o homem que estava em situação semelhante à minha. Mas não vi se ele também comeu a carne como eu fiz.
Assim que aceitei a imposição, uma onda de sentimento de fraqueza, decepção, indignação, falta de força e coragem se mesclou com a raiva e ódio que sentia de mim mesmo. Por nem sequer reagir a tal imposição, me sentia fraco e envergonhado. Por ter aceitado a subjugação e ficado paralisado de medo, não percebi que estava comendo minha própria morte! Ou melhor, aceitando-a por imposição de outros.
Nesse ínterim, um certo festejo começou a acontecer. A canção continuava intensa e, ao mesmo tempo, sentia uma sensação de propósito cumprido, por parte deles. Quando pareciam satisfeitos, uma outra cena me chama a atenção.
A certa distância, alguns metros á minha esquerda onde eu estava, vi uma mulher, também negra, se levantar do chão de uma clareira. Era uma mulher alta e voluptuosa, estava seminua, com seus seios firmes e fartos à mostra.
Usava cabelos em longas tranças e tinha poucos adornos. Seu corpo era muito belo, forte e esguio. Seu rosto e boca eram bem proporcionados com dentes grandes e brancos.
Seria esteticamente bela e perfeita, senão fossem seus olhos frios e cruéis denunciando toda sua sombra. Tinha um olhar hipnotizador como os das serpentes. E, como a uma serpente, começou a dançar. Arrastava e se contorcia com seu corpo pelo chão, em um serpenteado sibilante e nauseante.
Fiquei perplexo ao observar os movimentos invertebrados da mulher, que mais parecia a própria encarnação da bestialidade. Fiquei como que hipnotizado pela sua dança. Então o que presenciei em seguida foi derradeiro para mim.
Após se levantar de um salto, ela pegou uma espécie de lâmina (parecida com um estilete) e começou a cortar o seu corpo.
Ela passava a lâmina na diagonal, de cima para baixo, começando acima do seio esquerdo até chegar à extremidade inferior do seio direito. Depois repetiu o ato, mas dessa vez, passava o estilete na diagonal superior do seio direito, até chegar na extremidade inferior do seio esquerdo. Os dois cortes na diagonal formavam dois riscos em forma de X escaldante em sangue, cobrindo toda sua caixa torácica.
O impressionante era que ela repetia diversas vezes um corte em cima do outro, até a marca do X desaparecer e restar apenas um borrão de sangue. Ela continuou a dançar em êxtase frenético e em transe.
Era algo repugnante de se presenciar. Enquanto ela se deliciava a cada corte em seu corpo, fui aos poucos perdendo os sentidos até desvanecer.
Dormi, e acordei horas depois e lembrava dos mínimos detalhes da experiência
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