
Projeção Extrafísica espontânea
Horário: madrugada
Data: 03/08/05
Deitei-me de barriga para baixo, estava cansado, mas não conseguia dormir.
Embora meu corpo estivesse pedindo para descansar, estava em estado de alerta total.
Senti de súbito uma pressão, uma força que vinha de fora e, ao mesmo tempo, coincidia com um sono profundo que começava a me dominar, lançado-me em um estado peculiar de consciência. Sentia a pressão no meio do corpo.
Num instante, meu corpo físico ficou completamente paralisado (paralisia temporária). Minha visão estava clara, embora soubesse estar com os olhos físicos fechados.
Comecei a ouvir uma avalanche de vozes e ruídos simultaneamente, como se estivesse captando várias frequências de rádio.Tudo ao mesmo tempo.
Era uma confusão, tentava respirar e tinha a impressão de não conseguir.
Todas as outras vezes, em que tive semelhante experiência, sucumbia ao medo e, quase sempre, acordava com extrema dificuldade. Quando parecia que novamente se repetiria a mesma situação, ouvi em meio ao caos das várias vozes uma afirmação em tom de zombaria que me fez reagir. A voz nitidamente dizia assim:
— Quer ver que ele novamente acreditara que não vai conseguir!
Ao separar essa afirmação em meio ao caos de vozes, comecei a gritar.
Primeiramente parecia mais como uivos e sons guturais. Em seguida eram mais parecidos com cantos indígenas do que propriamente gritos. Então algo, uma força, irrompeu em mim, fazendo-me sentir segurança para invocar meu intento.
E assim o fiz!
Invoquei o meu intento para me manter lúcido e me projetar extrafísicamente.
Uma voz interior me incentivou a dirigir minha atenção ao quarto, para ver o que tinha lá e por que estava com medo. Quando levantei a cabeça, do meu corpo extrafísico, percebi na penumbra, o quarto que estava semi-escuro, mas não vi nada de estranho que justificasse o meu receio.
Tive coragem e me imaginei levantando. Isso foi o bastante para que meu psicossoma (corpo energético) pairasse verticalmente acima de meu corpo físico - que naquele momento - mais parecia um boneco sem vida jogado na cama. Meu corpo psicossomático subiu atravessando o teto do quarto.
Após chegar a certa altura (100 m) contemplei o negrume vazio do céu e então lentamente comecei a descer. Mas, quando atravessei o telhado, já não era meu quarto atual e, sim, meu antigo quarto, um sobrado na casa dos meus pais. Fiquei tranqüilo em estar lá novamente. Comecei a praticar técnicas de movimentos com o corpo energético, as mesmas que praticava quando lá residia e me projetava extrafísicamente. Fiquei flutuando em círculos de um lado para o outro no quarto, depois tentei atravessar a mão na parede, mas não consegui.
Percebi que estava tentando atravessá-la como se estivesse no corpo físico.
Compreendendo assim meu erro, decidi intentar (intencionar com minha vontade o atravessar da parede), conseguindo facilmente assim.
Voltei a flutuar. Subindo e atravessando novamente o telhado do teto do quarto, alcancei novamente uma grande a altura (100 m) e voltei a contemplar o negrume do céu.
Depois de alguns instantes, comecei a descer, mas, dessa vez, desci de cabeça para baixo. Fiquei de ponta cabeça a alguns metros do chão. Então percebi a sombra dos meus pés refletindo na parede, pelas luzes que vinham da rua e transpassavam pelo vidro da janela entre aberta. Essa visão me deixou muito mais desperto e lúcido, devido ao fato de não imaginar que tal coisa poderia acontecer (ver a sombra do meu corpo energético projetado). Fiquei em alerta ao ouvir batidas na porta, que estava entreaberta. Ao abri-la totalmente, vejo meu cunhado (Valdir) olhando para dentro, sem ter a certeza de que me via, lhe ouvi dizendo para si mesmo:
— Nossa! Deixaram a porta encostada.
Fiquei um tanto confuso. Pensava se ele realmente não me via, o porquê de não me ver ou se simplesmente me ignorava. Quis fazer um teste. Segui-o pelo corredor até a laje e parei ao lado da caixa d’água, e ele no muro da laje vizinha. Em seguida, em um ato irracional comecei a golpeá-lo com as mãos.
De repente ele começou agachar-se com a força e/ou com a dor proporcionada pelos golpes. Voltei a mim, percebendo a violência dos meus atos. Então peguei sua mão pedindo perdão pela atitude impensada. Logo ele se recuperou e sorriu. Demonstrando estar me vendo disse:
— Perdôo... perdôo...
Em seguida ao ocorrido, sigo pelo corredor em direção ao segundo quarto. Ao entrar, me deparo com um dos meus irmãos mais velhos, Márcio. Também no quarto se encontrava minha irmã, mais velha, Regina.
Márcio se encontrava de pé, no centro do quarto e de frente para mim, enquanto Regina estava deitada no beliche do meu lado esquerdo. Eu estava com a intenção de mostrar a eles todas as possibilidades que o ser humano dispunha em seu estado energético (corpo psicossomático). Meu primeiro ato foi flutuar de costas para baixo, como se estivesse boiando em pleno mar.
Comecei a bater as pernas, praticamente nadava no ar.
Ao bater as pernas três vezes, ouvi minha irmã soltar um som gutural de espanto, mas logo meu irmão segurou as minhas costas, dando impressão de estarmos simulando um truque. Esse gesto me deixou aborrecido, não entendi porque fez aquilo.
De qualquer forma não me importei e voltei a repetir meu ato de nadar de costas no ar. Por três vezes nadei no ar sem sofrer a interferência da gravidade e, em todas às vezes, fui segurado ou apoiado nas costas pelo meu irmão. Não suportei, nem entendia sua atitude. Fiquei muito irritado com ele, quase me descontrolando emocionalmente.
Cheguei a ponto de gritar dizendo para me deixar mostrar as maravilhas que podíamos realizar como seres humanos. Que não tínhamos limites, estes só existiam nos parâmetros do condicionamento físico e, mesmo assim, muitos podiam ser transcendidos através de certas técnicas e disciplina. Ao expor meu conceito, tive um impulso e peguei minha irmã pelos braços, retirei-a do beliche, queria falar tudo que sabia.
Quando a agarrei pelos ombros encarando seu rosto, percebi que ela estava extremamente velha. Parecia mais velha que minha própria mãe. Podia ver-lhe as imensas rugas e a pele mole caída abaixo do maxilar, dando-lhe uma aparência de um cão buldogue cansado. Seu olhar era arregalado e perplexo.
Aquilo me causou estranheza.
Mesmo assim não me importei.
Fui logo despejando uma avalanche de coisas que sabia a seu respeito. Meu intuito era de que ela assimilasse e entendesse o porque de estar em tal estado.
Depois segui dizendo que nós éramos seres mágicos e luminosos, que dispúnhamos de todas as possibilidades para realizarmos tudo que queríamos, desde que fossemos sinceros e tivéssemos uma vontade inflexível. Mesclado com a responsabilidade de estarmos vivos seríamos seres livres.
Disse também saber o porque dela ter medo.
Questionei-a e incentivei-a a descobrir o por quê de sentir tanto medo.
Mas nesse momento, ela começou a rebater minhas certezas. Ela retrucava dizendo que o medo era necessário para avaliar ou manter um limite, uma barreira de respeito. Mas continuei implacável, dizendo que não existiam limites e que as barreiras éramos nós mesmos. Então suas palavras de medo misturaram-se aos meus argumentos resultando em uma confusão.
Percebi que aquilo não nos levaria a nada.
Resolvi ser impetuoso e disse:
— Quer saber mesmo porque você teme tanto? Quer saber o porquê de seu medo? — Você tem medo por que você não se conhece! Você crê por crer, não busca o autoconhecimento, sem dogmas e tabus.
Embora esperasse gerar um impacto em teu ser, ela continuou a repetir as mesmas concepções arraigadas que a faziam sentir-se velha, tal como se apresentava a mim.
Concluí que não adiantaria insistir, dizendo a mim mesmo:
— “não adianta, você não está preparada pra ouvir; por mais que tente, não está preparada e não quer ouvir”.
Segui dizendo em tom de resignação, que mesmo eu só chegara a esse entendimento depois de ter aprendido a ouvir, isso depois de anos de relutância. Após essas afirmações resolvi tentar uma última cartada.
Fiquei ereto de costas para a parede, flutuei deixando meus pés a um metro do chão. Inclinei meu corpo psicossomático para frente na posição horizontal e, de barriga para baixo, até ficar rígido e parecido com uma tábua de passar roupa.
Em seguida flexionei os joelhos contra a parede para pegar impulso.
Usei a parede como apoio e a flexibilidade dos joelhos como mola e me lancei como um míssil pelo corredor afora. Ouvi uma exclamação de perplexidade de minha irmã. Quando voltei para me certificar de que obtive sucesso na minha manobra.
Vi que meu irmão Márcio estava estalando os dedos em direção à minha irmã e para um menino loiro de uns quatro anos, que lá estava, e antes não tinha percebido.
No exato momento em que meu irmão estalava os dedos (do modo que os caboclos fazem, quando incorporados nos médiuns), percebi que tanto minha irmã quanto a criança começaram a ficar inconscientes e adormecidos. Achei aquilo odioso. Ainda mais ao perceber que a criança que ali estava prestava atenção em tudo que eu estava fazendo extrafísicamente, começando a chorar por não querer dormir.
Percebi que ele queria ficar desperto, acordado, era o único que tinha real vontade de aprender sobre atos extrafísico. Fiquei com verdadeira pena da criança e, em um ato impulsivo, segui dizendo aos dois:
— Se vocês preferem ficar assim, adormecidos, presos em seus próprios medos e preconceitos, que fiquem, mas não têm o direito de proibir quem quer aprender. Em seguida, me dirigi para junto da criança, coloquei as mãos na sua cabeça dizendo:
— olha só o que vocês fizeram com ele! Então prometi desfazer tudo.
Quando comecei a dar uma espécie de passe em seu chacra coronário, fui sugado instantaneamente para meu corpo físico.
Em estado de vigília fiquei refletindo sobre a experiência.
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