Projeção Extrafísica espontânea
Data: 28/02/06
Horário: madrugada
Despertei consciente em corpo psicossomático. Estranhamente, estava parado no centro do quintal da casa dos meus pais. Como em várias outras projeções, novamente o tempo era regresso, estava na época de minha infância, quando tinha entre dez e onze anos de idade.
O local estava escuro, era de madrugada. Tudo, sem qualquer exceção, estava idêntico à época regressa. O quintal de terra, a casa de minha avó nos fundos, nosso barraquinho (casa de madeira) ao lado. Sabia que minha família estava dentro do barraco, ouvia o som de seus movimentos e lá dentro as luzes estavam acesas.
Foi quando me lembrei das palmas de minhas mãos e, em seguida, elas apareceram diante dos meus olhos. Estavam um pouco disformes, mas minha atenção não se prendeu à relativa deformidade. Estava lúcido.
Levantei os meus braços, como em gesto de louvor, e como impulsionado por uma alavanca fui subindo para o céu. De início fui subindo verticalmente, mas quando cheguei ao uma determinada altura meu corpo psicossomático foi se inclinando na horizontal até ficar na posição de decúbito dorsal.
Comecei a girar involuntariamente em círculos a uma altura de 30m, fazendo uma espiral que englobava uns 10m de diâmetro (isso em parâmetros tridimensionais).
Sentia uma leveza extrema. Olhei para o céu infinito, estava denso, negro, mas com poucas estrelas. Fui voando em espirais no sentido oeste até ficar acima do terreno vizinho, ficando sempre nesses arredores, não me dispersando além dos dois terrenos.
Aos poucos comecei a ouvir um som muito fluído. Tive a impressão de não estar no ar, e sim boiando num oceano escuro como a noite. Sabia, a despeito da sensação, que estava no ar, mas a impressão de mar era algo que sentia em meu corpo, como se houvesse algum paralelo, ou uma ligação muito tênue entre estar flutuando sem gravidade no ar e estar boiando na água. De repente parecia que os dois eram uma coisa só em termos de sensação.
Ouvia um som que não definia e antes não tinha prestado atenção, mas sabia que tinha alguma relação com o elemento água. Era como se o espaço fosse um oceano infinito.
Resolvi bater as pernas e nadei de costas no espaço-mar, a sensação era agradável e incrível.
Em outro momento, soltei meu corpo psicossomático e fui subindo como um balão às alturas e me perdendo na escuridão. Em seguida tive a sensação de que me perderia pela imensidão escura, como um astronauta que foi atirado para fora da nave. Então, a mesma sensação fez meu corpo pesar e foi me conduzindo para baixo.
Quando cheguei ao chão foi difícil me manter nele: qualquer movimento brusco fazia-me levitar, não sofria as leis da gravidade. Assim, lancei-me para o chão, ficando com a cara na terra. Beijando-a, literalmente!
O incrível foi constatar que a terra era a mesma que via quando era criança, a percepção era exatamente a mesma de quando a observava na minha infância. Podia distinguir todos os detalhes das pedrinhas, e as pequenas rachaduras na terra. Podia mesmo sentir o cheiro de barro. Tudo indescritivelmente nítido.
Olhando mais à direita, no chão, vi quatro pequenas pedras de quartzo de cristal transparente em estado bruto. Peguei-as com a mão direita e ao levantar-me fiquei admirando-as por um momento, depois me dirigi para o barraquinho.
Antes de entrar vejo meu pai saindo da cozinha em direção à área de serviço. Sua aparência fisionômica era como a atual. Fui de encontro a ele e lhe dei os cristais, sabia que lhe interessavam.
Depois voltei para o centro do quintal e, em seguida, um dos meus irmãos mais velhos se aproximou de mim. Era Sérgio, que também tinha a aparência atual. Sérgio, em alguns momentos de sua vida, também já teve experiências projetivas conscientes.
Com muito entusiasmo comecei um diálogo com ele.
Narrei minha experiência de voar em círculos, de ter nadado em pleno ar e minhas conclusões sobre coisas que tinha descoberto. Passei a explanar minhas opiniões sobre o conceito tolteca. Disse ter compreendido um deles. O porquê de utilizarem a expressão “O mar escuro da consciência” para designar os confins do universo ou a fonte originária de tudo.
Disse a meu irmão que tinha percebido que o espaço negro e todo o conceito que eles definiam como nagual era um imenso e infindável oceano, e que tinha sentido as vibrações fluídicas que entoavam ritmos aquáticos em meu corpo.
Embora soubesse que tudo que dizia ao meu irmão soava ingênuo e que, na verdade, talvez estivesse longe do conceito tolteca, parecendo muito mais uma conclusão simplista da minha parte, continuei afirmando eloquentemente, como se tivesse descoberto o maior dos mistérios.
Estranhamente, quanto mais falava mais denso me sentia, e meus sentidos, que antes estavam lúcidos, foram ficando incoerentes.
A projeção aos poucos ia se transformando em sonho comum, até perder completamente os sentidos e tudo se turvar.
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