
Projeção Extrafísica Provocada (consciente)
Data: 14/08/06
Horário: Madrugada
Acordei de madrugada e, como de costume, perdi o sono. Resolvi prestar atenção nas imagens que aparecessem na minha mente, principalmente nas precedentes aos sonhos.
Depois de alguns minutos, ouvi um som muito tênue, mas profundamente claro, de um chocalho. Num instante, visualizei o meu maracá entoando um ritmo monótono em minha mente. No estado de relaxamento em que me encontrava era fácil visualização.Ela se apresentava clara e aguda.
Quando me senti totalmente absorvido pelo som e pela imagem tive o intento de me encontrar com o Índio. O que me lembro depois foi de entrar no estado de paralisia temporária, e instantaneamente ser dragado para um local muito parecido com o centro comercial do município de Diadema.
Estava escuro. Era de madrugada. Encontrava-me de pé, do outro lado da pista do Trolebus, de frente para o “Barateiro” e ao lado da Igreja central. Apareceu, alguns metros acima de mim, a imagem do Índio de forma translúcida. A parte superior do seu corpo pairava acima de mim, um tanto transparente. Em seguida, fui dominado por uma força que parecia querer me fundir a ele.
Uma canção entoada de forma muito forte e bela me absorveu. Essa canção me impulsionava a correr e cantá-la ao mesmo tempo. Disparei a correr alegremente. Sentia-me leve, veloz e ágil. A canção me acompanhava e eu a cantava como se fosse parte de mim. Sentia a presença do Índio ao meu lado e algumas vezes o percebia, ainda que de forma transparente, cantando a canção em júbilo.
Quanto mais corria, maior se tornava a minha vontade de continuar correndo. Percebi que estava com os braços abertos, como se fosse um pássaro. Sentia que o Índio também estava. Corria tão veloz que as ruas, residências, tudo se turvava, tornando-se apenas um borrão.
Em dado momento o Índio passou a entoar outra canção e acompanhei-o como se fosse eu mesmo quem estava cantando. Nesse ínterim, senti uma ligação forte como o Índio. Como se houvesse uma junção e ele fosse eu, ou eu fosse ele. Parecíamos ser uma coisa só. Sentia que não era mais eu quem corria com os braços abertos em êxtase, mais sim o próprio Índio, que era eu.
Novamente uma outra canção começou a ser entoada. Ouvia tão nitidamente a voz e a melodia que minha atenção se transportou, a tal ponto que captei as vozes infantis das crianças, em um coral de acompanhamento à canção. Parecia-me que estava lá na própria aldeia, dentro da casa de reza, tamanha era a clareza do som das vozes.
Tornei-me uno com o Índio, éramos um só. Entreguei-me por completo à experiência. Não tinha racionalidade, tudo era pura expressão, sensação e alegria.
Mas, da mesma forma súbita que tudo começou, também cessou. Quando menos esperava, quando estava totalmente absorvido pela vibração da canção e a liberdade de correr como um jaguar, bruscamente a canção cessa e eu paro de correr. Ao observar o ambiente onde tinha parado achei estranho, pois parecia que estava em frente à casa de um amigo. Estava ainda muito escuro.
O que parecia ser a Rua Leon Strotsky estava vazio, sem dúvidas era de madrugada. Quando comecei a me perguntar o que estaria fazendo ali fui dragado de volta ao corpo físico.
Quis levantar mas não consegui. Tive consciência de que continuava no estado de paralisia temporária, então o sono fisiológico me dominou. Continuei tendo vários sonhos lúcidos. Entre eles, um em que me encontrava no bairro onde morei em Diadema.
Tudo estava nítido, tudo coerente e no lugar em que deveria estar. Até o momento em que um conhecido dá época de minha infância me levou da sua casa até um boteco muito antigo da rua. Tudo era exatamente igual ao tempo regresso. Achei estranho quando ele entrou no bar, pois em seguida se transfigurou e já não era a mesma pessoa, mas sim outro colega de infância morador da mesma rua. Segui-o até o balcão.
Depois voltei com ele até a mesa, mas logo ele desviou de mim e foi para outra mesa onde se encontrava uma mulher bebendo cerveja. Ele simplesmente me ignorou quando comecei a falar-lhe da estranheza e peculiaridade das mesas e cadeiras de madeira, que eram exóticas e fora do comum.
Resolvi não levar em consideração sua atitude, mesmo porque me sentia lúcido e, embora o ambiente me fosse familiar, me sentia como um peixe fora d’água. Não tinha sentido eu estar vivenciando aquilo. Observei em volta de mim.
O boteco estava cheio de gente, do lado de fora o dono do estabelecimento junto com algumas pessoas que conhecia e outras totalmente estranhas, mas que cumprimentei quando cheguei.
Observei tudo ao meu redor:
Paredes, pessoas, mesas, cadeiras, copos, garrafas...
Nenhum detalhe passou despercebido, inclusive recortes de papéis e calendários colados na parede. Então algo eclodiu de mim!
Tive a convicção de que estava em um ambiente plasmado. Estava sonhando.
Estava participando ativamente como se tudo aquilo fosse real. No exato momento em que comecei a achar incongruentes certas coisas, acordei no sonho. Intuitivamente fiquei observando os “itens do sonho”, e isso me fez despertar para minha real situação.
Ao chegar a essa conclusão de forma clara, sem intervenção racional, passei a testemunhar simplesmente, e pude ver as imagens se turvando e se dissolverem na minha frente. Minha consciência se dissolveu junto, reaparecendo instantaneamente em outro lugar.
Estava agora com o corpo estendido ao chão de barriga para baixo. Apoiava-me sobre os cotovelos enquanto tentava ler umas frases que se encontram escritas a lápis em um papel reciclado, o qual segurava com as mãos diante do rosto.
Embora minha visão estivesse límpida e coerente, não conseguia me fixar nas letras.
Era como se elas escorregassem do papel ao tentar lê-las. Percebi que uma voz me dizia o conteúdo da escrita. Entendia o que a voz me dizia mais como um sentimento do que propriamente como palavras lidas. Mesmo assim, tinha uma espécie de obsessão em querer ler conscientemente o que estava escrito, como se faz na vida cotidiana. Mas, por mais que insistisse, era-me impossível ler.
Quando as palavras não escorregavam do papel, simplesmente se transformavam em garranchos e, outras vezes, as poucas letras reconhecíveis não tinham ligação alguma com aquilo que a voz me dizia estar escrito. Minha insistente obsessão só aumentou.
Procurei ao máximo me concentrar e quando acreditei que poderia ler coerentemente, as palavras sumiram e se transportaram para o lado de trás da folha. Virei o papel e, quando acreditava não poder satisfazer minha curiosidade, minha atenção ficou presa na lucidez de estar observando o papel tão próximo dos meus olhos. Então, novamente fui puxado para meu corpo físico.
Mas, ao me conscientizar de estar deitado em meu quarto, logo percebi ainda estar com a paralisia temporária. Nesse estado passei a captar um som muito alto, parecia uma música Pop Rock que vinha da casa vizinha. Mas, logo em seguida, outra sensação prendeu minha atenção.
Uma vibração muito forte começou a exercer pressão sobre mim. Num instante, não mais ouvia a musica alta, e sim captava uma vibração por todo meu corpo. Sentia a vibração como uma espécie de força externa, como se acoplando em minha psicosfera (campo Áurico).
No mesmo instante, como que incorporado ou conectado à energia, soube claramente se tratar da força indígena. Estranhamente passei a rugir como um jaguar, me sentia feroz e selvagem como um felino. Tinha consciência ao mesmo tempo da situação em que me encontrava e acreditei que, se continuasse a rugir, acordaria minha ex-companheira e toda a vizinhança.
Parecia que já tinha até acordado as crianças. Logo em seguida, uma canção indígena interveio e fiquei entoando-a.
Nesse ínterim, senti o braço de minha ex-companheira me sacudindo, como querendo me acordar. Virei pra ela para que percebesse que estava agindo em estado de pura inspiração, em conseqüência da energia indígena acoplada.
Mas, após me virar, a percebi de forma transparente, diáfana como um quartzo de cristal.Sua fisionomia tinha expressão de comoção. E, ao ouvir a palavra “Taba” ser pronunciada por ela, percebi o quão emocionada estava.
Ela me sacudia e dizia de forma emocionada:
“A taba! Eu te vi na taba!
Você estava lá...
Estava lá na taba, eu te vi.
Você era um guerreiro indígena, eu te vi, era você lá na taba!”
E prosseguiu dizendo:
— Você não imagina o quão linda é tua história... Eu lhe vi, era você lá na taba.
Depois de ouvir esta última afirmativa acordei em corpo físico. Sentia a vibração da canção por todo meu ser.
Olhei para o lado e minha ex-companheira dormia.
Depois de um tempo ela também acordou e relatei a experiência a ela.
Que experiencia foda, Tori! Mto forte... Obrigada por compartilhar...
ResponderExcluirSim, Jéssika, grato por comentar. O Caminho do Conhecimento sempre nos oferece as "dádivas". O que importa mesmo é o que vamos fazer com o Conhecimento! Intento!
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